terça-feira, 23 de junho de 2009

AS FORÇAS DA LÍNGUA NAS LETRAS DAS CANÇÕES JUNINAS

Corpus 1: Canção junina:
Olha pró Céu Meu Amor.
Autores: José Fernandes e Luis Gonzaga.

Olha pró céu meu amor.
Vê como ele está lindo.
Olha prá aquele balão multicor
como no céu vai sumindo.
Foi numa noite igual a esta
que tu me deste o teu coração.
O céu estava em festa
porque era noite de São João.
Havia balões no ar,
xote, baião no salão,
e no terreiro o teu olhar
que incendiou meu coração.

OBJETIVO: Observar como as palavras, frases e estrofes da canção, não somente expressam sentidos e significados, como toda a tradição ensinou, pois também geram energias e forças lingüísticas, que produzem energias e efeitos psíquicos, mentais, comportamentais e interativos.


ANÁLISES:
A canção inicia com o verso: [Olha pró céu meu amor]
Neste primeiro verso, os termos produzem, pelo modo imperativo, uma força meio exortativa, meio imperativa, convidando à amada a olhar para o céu. Uma mistura de exortação e mando, que influencia na mente e ação da amada.
O vocativo [meu amor] completa o primeiro verso, redobrando as energias psíquicas fortes, que movem a emoção da pessoa amada, e que revoam também no coração do amante.
As palavras do segundo verso, [Vê como ele está lindo], aumentam o impulso emotivo: Produzem energias visuais, mentais e ecológicas, que movimentam a emoção pela força do modo imperativo [vê], e pela força do agrado dos sentidos e sentimentos com a expressão [como ele está lindo] A beleza da noite de São João é mais um apelo para a produção de energias e emoções.
O verso [Olha prá aquele balão multicor] gera novas energias e emoções dos sentidos e da mente, pelo agrado do balão colorido.
A próxima estrofe continua [Olha como no céu vai sumindo], para logo evocar no verso seguinte a emoção maior: [Foi numa noite igual a esta que tu me deste o teu coração]. Numa noite bela de São João, a amada lhe deu o seu coração.
O verso seguinte: [O céu estava em festa]. Tudo era festa naquela noite de São João, aumentando a emoção. Tudo na letra da canção aumenta, passo a passo, a energia e a emoção da festa e do coração. A expressão [noite de São João] tem na cultura nordestina e nas canções de Luis Gonzaga um valor simbólico, que acrescenta uma capacidade geradora de energia maior.
Quando uma palavra, sintagma ou frase adquire valor simbólico na cultura, aumenta a sua capacidade produtora de energias e forças ante os interlocutores.
O novo verso produz nova energia, nova emoção: [Havia balões no ar, xote, baião no salão], terminando a letra com a explosão final: [E no terreiro, o teu olhar que incendiou meu coração].
Assim, uma palavra após outra, um verso depois de outro, tudo na letra da canção incrementa gradualmente a energia e a emoção, criando dois pontos álgidos: No meio da canção, quando ele diz que foi numa noite igual àquela que ela lhe deu o seu coração; e nos versos finais, quando ele confessa que o olhar da amada incendiou o seu coração.
Conjuntamente, pelas estruturas semânticas e pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, a letra da canção junina está impregnada de energia, emoção e paixão, geradas por todos os lados pelas palavras e frases: A cada instante uma nova emoção e sentimento do cantor e do ouvinte, que dança no salão arragado com a sua amada, emoção que também revoa no coração da amada.

CONCLUSÃO 1:
O ensino da língua, igualmente, da língua portuguesa e das línguas estrangeiras, deve ser realizado impregnado com a energia e a emoção positiva da cultura, como a suscitada pelas letras das canções, em São João, no carnaval, em qualquer festa.
É preciso dinamizar e potenciar o ensino da língua, porque é a força maior do brasileiro, o instrumento principal da cidadania e do êxito na produtividade profissional e empresarial.
CONCLUSÃO 2:
A língua gera energias lingüísticas e efeitos psíquicos, mentais, comportamentais e interativos, igualmente, pelas estruturas semânticas, como pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática.
CONCLUSÃO 3:
As escolas lingüísticas herdadas do século XX, que desconsideram ou negam radicalmente o fato de que a língua produz energias e forças, têm uma CEGUEIRA PARADIGMÁTICA (no sentido dos termos na visão científica de Thomas Kuhn), que não lhes deixa perceber a importância da aplicação do Paradigma Energético à pesquisa sobre os sistemas lingüísticos produtores de energias, forças e efeitos; cegueira que não lhes permite ver a existência de sistemas energéticos na língua: São cegos cientificamente falando e não têm consciência do fato.
O escritor, professor e jornalista Deonísio da Silva, – escritor de livros premiados, como o Prêmio Internacional Casa de las Américas em 1992, doutor em letras pela USP, e desde 2003, professor da Universidade Estácio de Sá, no Rio, autor de sete romances, dez livros de contos, quatro infanto-juvenis, disse dos intelectuais “cegos” que se acham donos da ciência: “Pior do que analfabeto humilde é o analfabeto arrogante. O primeiro tem cura. O segundo morre daquilo”. (Entrevista “O Jardineiro das Palavras”, na revista Língua Portuguesa (Editora Saraiva, ano III, nº 34, agosto de 2008, pp. 12-15).
Podemos completar a reflexão do Jardineiro das Palavras, explicando que, pior do que cego humilde pode ser o cego paradigmáticona lingüística herdada do século XX, que se acha “deus”, senhor e soberano absoluto de toda a ciência universal, mas sofre do mal da Cegueira Paradigmática (conforme os termos de Thomas Kuhn). Por isso, quer impedir com arrogância, por todos os meios ao seu alcance, com os seus pareceres faltos de imparcialidade e abuso paradigmático, o normal desenvolvimento das Especialidades Energéticas da lingüística. Que faça o trabalho da sua Especialidade, e não queira impedir o normal desenvolvimento da Lingüística Dinâmica e Integrativa, Especialidade lingüística que tem o mesmo direito à existência do que a sua pragmática ou estruturalista, porque a língua não tem somente sistemas estáticos, sígnicos e pragmáticos, pois tem também Sistemas Energéticos, produtores de energias, forças e efeitos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A Língua e O Amor


(Em homenagem ao Dia dos Namorados estamos postando novamente uma mensagem de grande sucesso do nosso antigo blog.)


A FORÇA DA LÍNGUA NAS RELAÇÕES AMOROSAS
Vamos analisar as implicações lingüísticas de um texto de Carlos Drumond de Andrade naquilo que se refere aos sistemas dinâmicos da língua. "Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR. Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua ida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.Por isso, preste atenção nos sinais.Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!"(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
Podemos realizar uma adaptação do texto e a mensagem de Carlos Drumond de Andrade para uma explicação sobre o funcionamento dos sistemas dinâmicos da língua nas relações amorosas e relações afetivas dos enamorados, amantes e esposos no matrimônio, a partir da enfoque da Lingüística Dinâmica e Integrativa nos seguintes termos:
O PODER MÁGICO DAS PALAVRAS Os versos de Carlos Drumond de Andrade inspiraram a linguagem e a mensagem da LINGÜÍSTICA DINÂMICA E INTEGRATIVA
para este intercâmbio pelo FÓRUM: É uma forma dinâmica de entender a língua e a lingüística. Quando as palavras de alguém fizerem o seu coração parar de funcionar por um segundo e logo acelerar, preste bem atenção: Que as palavras têm a força do AMOR. Se os olhares se cruzarem, e as palavras alcançarem lá no fundo o coração, fique alerta: Que as palavras têm a força de alcançarem o mais profundo do SER. Se o toque dos lábios for intenso, o beijo apaixonado e as palavras chegarem muito forte na alma, perceba: Que as palavras tem a força de calarem fundo no CORAÇÃO. Nesse dia você poderá entender firmemente que, em determinados usos e contextos, a força das palavras é mágica, cativante e poderosa. E podemos perguntar: Alguém poderá por acaso negar que as palavras são sistemas de força, muito poderosas, do amor e para o amor?
Um dos objetivos da Lingüística Dinâmica e Integrativa é estudar e pesquisar a força das palavras e da língua não somente na política e na sociedade, como também na vida e na interação amorosa.
EXPLICAÇÕES TEÓRICAS O poder das palavras é parte do poder da língua, porque as palavras são unidades ou peças da composição e do sistema de funcionamento da língua, no pleno sentido do termo. Os dados atualmente disponíveis, nos inícios do século XXI, mostram que a língua está constituída pela união integrada de um conjunto de sistemas estáticos, um conjunto de sistemas modelares e um conjunto de sistemas dinâmicos. Porém, as escolas lingüísticas estáticas e dicotômicas do passado, que defenderam a idéia de que “a língua é estática”, desconsideraram nas suas especialidades as dimensões dinâmicas da língua, tão importantes para a vida humana e para a interação lingüística nas relações amorosas dos namorados e amantes, inclusive, nas relações afetivas entre os esposos no matrimônio.
Aquela posição teórica que defende a hipótese de que “a língua é estática” merece duas considerações: 1º Por um lado, essa idéia é um paradigma adequado para a pesquisa lingüística nas especialidades estáticas da Gramática e da Lingüística Formalista, e ofereceu no passado uma contribuição importante para o desenvolvimento desta ciência na pesquisa, descrição e estudo dos sistemas estáticos da língua: É a parte de contribuição que oferece o paradigma estático ao desenvolvimento da lingüística. 2º Porém, por outro lado, quando os setores estáticos, unívocos e dicotômicos radicais da Gramática Tradicional e do Estruturalismo Formalista, negaram os sistemas dinâmicos da língua, como se não existissem, ou como se fossem acessórios ou acidentais, ou como se não pudessem ser investigados cientificamente, cometeram o ERRO TEÓRICO de assumirem uma RETÓRICA MERONÍMICA como se fosse o princípio absoluto da ciência, quando tal posição teórica é a mistura de uma meia verdade e uma meia inverdade, imposta como se fosse a mais pura e absoluta verdade da lingüística. Essa posição teórica não é científica e sim uma pseudociência incongruente com os dados observados e observáveis do fenômeno lingüístico, uma forma sutil de falácia ideológica e retórica. 3º De fato, por razões ideológicas ou interesses pequenos, os setores mais radicais das escolas estáticas do passado impediram, com meios retóricos, políticos, institucionais e econômicos, durante vários séculos, o normal desenvolvimento das especialidades dinâmicas da lingüística, causando um grave prejuízo na formação e capacitação lingüística das novas gerações de cada época. A imposição da idéia obsoleta de que “a língua é estática” nos estudos e nas grades curriculares dos cursos de letras, representa um grave prejuízo histórico e profissional para a formação e capacitação lingüística dos estudantes e profissionais de letras, bem como, em geral, para a formação e capacitação lingüística dos estudantes de 1º, 2º e 3º graus de todas as áreas profissionais. Porque é uma forma de imposição do ensino de uma língua estática, puro sentido e significado, sem energia, sem força, sem vitalidade e sem potência, deixando ao povo lingüisticamente ingênuo e indefeso ante as astúcias lingüísticas dos políticos oportunistas. Porque essa prática e o seu modelo de estudo estático radical, impostos a todos pela inércia do conservadorismo, impedem o normal desenvolvimento das especialidades dinâmicas da lingüística, cuja função é a pesquisa, o estudo e o desenvolvimento dos sistemas dinâmicos da língua, especialmente, dos sistemas produtores de forças de ação, reação e efeitos na interação do cotidiano, bem como dos seus sistemas de força e poder nas esferas da sociedade, da política, da economia, da administração, das instituições, da cultura e das religiões. Contamos com você na campanha e na luta pela implantação da disciplina Lingüística Dinâmica e Integrativa nas grades curriculares dos Cursos de Letras, para darmos uma maior vida e eficácia aos estudos e à profissão. Esperamos a sua participação nos debates do Fórum. Esperamos o feedback dos seus comentários e opiniões. Recife, 10 de fevereiro de 2006 Antonio Torre Medina Doutor em Lingüística pela Universidade de Barcelona Professor do Departamento de Letras da UFPE Recife – PE.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Valor Científico da Gramática

A Gramática tem valor científico, sim !







Durante o século XX, o grupo de lingüística do Departamento de Letras da UFPE ensinou a todos, como se fosse uma verdade absoluta, que “A GRAMÁTICA NÃO TINHA NENHUMA OBJETIVIDADE E NENHUM CARÁTER CIENTÌFICO, que era uma subjetividade para impor aos falantes regras para o bem falar e escrever com correção”.
Porém, analisada a questão a partir do ponto de vista da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, das Regras do Discurso do Método de René Descartes e dos resultados da Lingüística Dinâmica e Integrativa, percebe-se que aquela opinião do Estruturalismo Formalista era uma inverdade científica, um sofisma insustentável, um abuso paradigmático.
O cientista precisa ter o mínimo de capacidade analítica, para saber distinguir, nas Especialidades, a dimensão tecnológica e a científica, que funcionam em conexão. Porém, acontece que o referido grupo de lingüística carece dessa capacidade para analisar as questões.
Assim, por exemplo, foi incapaz de analisar e perceber que uma parte da Gramática é realmente uma tecnologia para ensinar o uso correto e adequado da língua, na oralidade e na escritura; mas, a outra parte é o resultado de um verdadeiro trabalho de investigação científica sobre os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações.
Deste modo, não se nega que uma parte da Gramática é uma tecnologia de grande importância para a cultura e a civilização; e é preciso entender e destacar que a Gramática têm realmente um valor científico. Porém, as escolas lingüísticas do século XX, afetadas pela Cegueira Paradigmática, confundiram essas duas dimensões: Naquilo que se refere à Gramática, confundiram o plano da tecnologia e o da ciência; reduziram o plano da ciência ao da tecnologia, e assim negaram, de forma indevida, o valor científico da Gramática.
Seja pelas razões da religião reacionária do tempo das “Trevas”, ou pela política lingüística elitista, as escolas lingüísticas do século XX enganaram a cultura e a civilização durante décadas, impondo a todos um conjunto de sofismas como se fossem verdades absolutas e universais da ciência. Como, por exemplo, impuseram a falsa idéia de que “a língua é estática”, ou a meia verdade de que “a língua é um sistema de signos”.
Hoje se percebe que aquele jogo do Estruturalismo Formalista, disseminando a falsa idéia de que “a Gramática não tinha nenhum caráter científico” era apenas uma forma de marketing da escola, para desqualificar a escola concorrente e promover a própria imagem; ou uma espécie de “guerra fria” ou “guerra suja” dos setores mais radicais, que queriam de qualquer maneira tomar dos gramáticos com métodos golpistas os espaços acadêmicos.
Acontece que os lingüistas do século XX não resolveram os problemas fundamentais provenientes da tradição, pois continuaram ensinando a língua como se a mesma fosse estática, como se não tivesse nenhuma capacidade geradora de energias, forças, vitalidade e produtividade.

O grupo de lingüística do Departamento também disseminou durante o século XX a idéia de que “Ferdinand de Saussure foi o primeiro homem a alcançar o caráter científico na lingüística”; propalando a falsa idéia de que nenhum dos estudos sobre a língua da tradição tinha valor científico.
Porém, essa opinião não se verifica e não se sustenta: Não é ciência, e sim, uma forma de pseudociência, uma enganação com objetivos políticos, uma auto-exaltação ou marketing da escola, com a qual nem o próprio Ferdinand de Saussure em vida concordaria, por uma questão de honestidade científica.








A GRAMÁTICA tem objetividade e valor científico sim, um valor científico relativo aos paradigmas utilizados e aos campos da sua Especialidade; e proporcional ao nível do desenvolvimento da ciência na sua época, pelos seguintes fundamentos:

1º Porque a língua tem SISTEMAS ESTÁTICOS; razão pela qual, a lingüística precisa constituir e desenvolver ESPECIALDIADES ESTÁTICAS, como são, por exemplo, a Gramática e o Estruturalismo Formalista;

2º. Porem, é preciso superar a Cegueira Paradigmática que afetou os lingüistas do século XX, e perceber que os sistemas lingüísticos pesquisados pelos gramáticos não são os mesmos que aqueles que os estruturalistas pesquisaram; e sim, sistemas distintos.
De fato: Os gramáticos pesquisaram os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações a partir do ponto de vista do falante; enquanto que os estruturalistas pesquisaram os sistemas verbais e sígnicos estático das formas e das estruturas a partir do ponto de vista do ouvinte.

Os sistemas lingüísticos do ouvinte, investigados pelos estruturalistas, referem-se aos sistemas perceptivos e interpretativos do ouvido e da mente; enquanto que os sistemas lingüísticos do falante, pesquisados pelos gramáticos, dizem referencia basicamente aos sistemas articulatórios. Por tanto, são conjuntos de sistemas diferentes. Assim, a Gramática e a Teoria Estruturalista constituíram ESPECIALIDADES distintas, com fundamentos, paradigmas e procedimentos diferentes.

Aqui se encontra o equívoco teórico: Os estruturalistas enganaram-se quando acreditaram que tinham pesquisado com os seus procedimentos formalistas os mesmos sistemas dos gramáticos (inclusive, ufanavam-se orgulhosos dizendo “que agora eles faziam o trabalho com paradigmas e procedimentos científicos, que o trabalho dos gramáticos não tinha valor científico”).
Mas, estavam equivocados, pois os sistemas dos gramáticos eram sistemas lingüísticos distintos: Eram Especialidades diferentes, com paradigmas e procedimentos distintos. A Especialidade dos gramáticos utilizou o paradigma realista e empírico, enquanto que a Especialidade dos estruturalistas, utilizou o paradigma formalista e idealista.
Inclusive, disseminaram a falsa idéia de que pesquisavam o conjunto integral dos sistemas constitutivos e operativos da língua na sua suposta Lingüística Geral, o que é uma inverdade, pois somente pesquisavam um conjunto parcial dos sistemas da língua, o conjunto dos sistemas verbais e sígnicos estáticos das formas e das estruturas.
Deste modo, existe uma série de sofismas e equívocos na concepção lingüística dos setores dicotômicos do Estruturalismo Formalista, cujas teorias é preciso submeter à DÚVIDA CARTESIANA.

3º. Pela perspectiva da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, como em todas as especialidades e ciências, o valor científico da Gramática é um valor científico relativo ao paradigma utilizado e ao campo das suas Especialidades, e uma objetividade proporcional ao nível do desenvolvimento da ciência na sua época;

4º. Sem dúvida, como todas as especialidades científicas de uma determinada época, também a GRAMÁTICA tem limitações e lacunas em vários pontos do seu campo; por isso, precisa dar continuidade, no século XXI e séculos vindouros, ao seu trabalho de pesquisa sobre os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações, para aperfeiçoar suas análises e descrições.

Ante os equívocos do século XX, é preciso deixar claro de uma vez por todas que a língua não é um sistema só, e muito menos um sistema estático, como as escolas defenderam: e sim um SISTEMA DE SISTEMAS CONSTITUIDO PELA UNIÃO DE SISTEMAS ESTÁTICOS, MODELARES, DINÂMICOS, SÍGNICOS, PRAGMÁTICOS, ENERGÉTICOS, VERBAIS E NÃO VERBAIS, que funcionam juntos e integrados no ato de fala, na conversação, no discurso, no texto e na obra.

Levando em conta esse dado fundamental, a lingüística precisa constituir e desenvolver Especialidades Estáticas, Modelares, Dinâmicas, Sígnicas, Pragmáticas, Energéticas, Verbais e Não-verbais, conforme vamos explicar:

a) ESPECIALIDADES ESTÁTICAS, para a pesquisa e descrição dos sistemas estáticos, como a Gramática e o Estruturalismo Formalista;

b) ESPECIALIDADES MODELARES, para a pesquisa e descrição dos sistemas da variação no estilo e nas formas de construção do ato de fala, da conversação, do discurso, do texto e da obra, como por exemplo, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, a Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, a Semiótica e a Pragmática;

c) ESPECIALIDADES DINÂMICAS, para a pesquisa das funções dinâmicas, entre as quais, podemos distinguir as Especialidades Cinéticas, as Energéticas, as Gerativas, as Genéticas, as Neurológicas, as Psicológicas, as Sociológicas, etc.;

d) ESPECIALDIADES SÍGNICAS são as especialidades lingüísticas que pesquisam os signos, produtores de sentidos, significados e significações;

e) ESPECIALIDADES CINÉTICAS são aquelas que pesquisam e descrevem os sistemas da mobilidade dos elementos no interior do sistema e no uso. Assim, por exemplo, os fones, fonemas, morfemas, sílabas, palavras e sintagmas têm uma mobilidade potencialmente infinita na conversação, no discurso, no texto e na obra. Estas Especialidades foram desenvolvidas a partir de vários pontos de vista por várias escolas e correntes, como por exemplo, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, a Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, a Pragmática e a Semiótica. A análise dos dados mostra que as Especialidades Modelares e Cinéticas com freqüência desenvolveram-se juntas e integradas ao longo da história;

f) ESPECIALDIADES ENERGÉTICAS são as especialidades lingüísticas da pesquisa e descrição dos sistemas da língua produtores de energias, forças, efeitos, eficácia, competência, competitividade, produtividade e poder, nas esferas da sociedade, da cidadania, da profissão, da empresa, da política, da economia, da cultura e da religião;

g) ESPECIALIDADES VERBAIS são aquelas que investigam os sistemas verbais, como por exemplo, a Gramática e a Semântica;

h) ESPECIALDIADES NÃO-VERBAIS são aquelas que pesquisam os níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática. Um exemplo típico das Especialidades Não-verbais é a Semiótica, e uma parte da Pragmática;

i) Hoje é inegável a existência de sistemas gerativos, mentais, psíquicos, neurológicos e genéticos, que determinam o funcionamento da língua e da linguagem, apontados ou tratados por autores como Herder, Humboldt, Descartes e Chomsky;

j) Podemos falar também dos sistemas psicolingüísticos, de que trata a psicolingüística; e dos sistemas neurolingüísticos, o objeto da neurolingüística.

k) A lingüística do século XX foi unilateral e reducionista nestes campos tão importantes do fenômeno lingüístico.
A LINGÜÍSTICA DINÂMICA E INTEGRATIVA é uma LINGÜÍSTICA SETORIAL com um conjunto de ESPECIALIDADES ENERGÉTICAS, para a pesquisa sobre as energias e forças da língua.

Um problema que buscamos desvendar e resolver é que os setores da inércia do conservadorismo da lingüística do século XX, do Estruturalismo Formalista, da Pragmática Dicotômica e da Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, tiveram posições dicotômicas radicais e uma arrogância abusiva, impondo à civilização um conjunto de sofismas como se fossem princípios absolutos e universais da ciência, disseminando a falsa idéia de que a Gramática, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, os estudos estilísticos e literários, todos os estudos da língua e da linguagem da tradição não tinham nenhuma objetividade, nenhum “caráter científico”; que Ferdinand de Saussure teria sido o primeiro homem da história a alcançar “objetividade” e “caráter científico” na ciência da língua ou lingüística.
O que queremos advertir e mostrar as provas aos estudantes e profissionais de Letras, bem como à Comunidade Científica e aos sistemas educativos, é que aquela opinião era UMA INVERDADE, UM SOFISMA, UMA FALÁCIA DESCRITIVA, um jogo de marketing duvidoso da Escola na sua “guerra fria” ou “guerra suja” contra as escolas fortes da tradição, para tomar o seu espaço político, institucional e acadêmico. Porém, essa posição não é o fruto da ciência, e sim um jogo de política de escola, ou da política lingüística elitista do Sistema.

Pelo contrário, os novos dados das pesquisas mostram evidências de que a Gramática, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, os estudos literários e estilísticos do Período Grego Clássico e da Tradição alcançaram realmente uma objetividade e valor científico relativo e proporcional aos campos das suas Especialidades, aos Paradigmas utilizados e ao nível de desenvolvimento da ciência em cada período histórico.

A Lingüística Dinâmica concentra a sua atenção na pesquisa e descrição dos sistemas energéticos da língua. Porém, ao assumir uma perspectiva multidisciplinar e integrativa, relaciona e integra as contribuições das distintas especialidades; pois os sistemas da Gramática funcionam normalmente juntos e integrados, com os sistemas do Estruturalismo, da Pragmática, da Semiótica e da Lingüística Dinâmica, no ato de fala, na conversação, no discurso, no texto e na obra. Todas são dimensões e sistemas lingüísticos que estão fortemente relacionados e implicados no funcionamento e no uso da língua.