sábado, 3 de julho de 2010

Publicado Artigo de MEDINA, A.T. (2010) As Energias e Forças Linguísticas no Hino Galo da Madrugada.


       COMUNICAMOS aos amigos e interessados que foi publicado o nosso artigo AS ENERGIAS E FORÇAS LINGUÍSTICAS NO HINO GALO DA MADRUGADA, na obra de Vera Moura, Maria Cristina Damianovic & Virgínia Leal (org.) (2010) O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Recife: Edit. Universitária, PPGL, UFPE.
         Pelo seu interesse, sugerimos a leitura do artigo. Você vai gostar!

         ATENÇÃO: FÉ DE ERRATA: O artigo foi publicado às páginas 211-229 da obra (não à pag. 311, como se informa por engano gráfico no índice).
        

         O CONTEÚDO:
        
         Pelos dados da pesquisa, verificamos a Hipótese de que o Hino Galo da Madrugada de autoria de José Mario Chaves, cantado por Alceu Valença pelas ruas do Recife no Sábado Zé Pereira, é um texto que não somente expressa sentidos e significados, pois também gera energias e forças linguísticas que produzem efeitos.

         Pela pesquisa e a observação dos fatos, verifica-se que, quando Alceu Valença canta “Ei pessoal, vem moçada, carnaval começa no Galo da Madrugada”, a língua é um SIGNO que expressa sentidos e significados, como ensinaram a gramática e a linguística na tradição e no século XX; porém, é também uma AÇÃO, a ação de convocação do povo pernambucano para participar da diversão do carnaval e dançar o frevo; e nas entrelinhas, uma ação de exaltação do Recife como Capital de Pernambuco. Além disso, é também um Sistema Energético, gerador de energias e forças psíquicas, mentais, estéticas, lúdicas e eróticas, com altíssimo grau de calor emocional: Entusiasmo vivo, atividade intensa e frenética, com vários tipos de energias interativas, comportamentais e sociais.

         Quando o saudoso Luis Gonzaga cantava em Asa Branca: “Quando oiei a terra ardendo, qual fogueira de São João, eu perguntei ao Deus do Céu, ai, por que tamanha judiação. Que braseiro, que fornalha. Nem um pé de plantação. Por farta d’água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão”, a língua era ao mesmo tempo, um SIGNO, uma AÇÃO e uma ENERGIA. Ou seja: Um signo expressando sentidos e significados; uma AÇÃO, a ação de pedir a solução para a seca e os problemas do Sertão; e um SISTEMA ENERGÉTICO, mobilizando as energias psíquicas, mentais e sociais do povo de Pernambuco e do Brasil em busca da solução dos problemas sertanejos.    

         Isso significa que A LÍNGUA em uso não é indiferente: NÃO É SOMENTE UM SIGNO que expressa sentidos e significados; pois é também uma AÇÃO e um SISTEMA ENERGÉTICO gerador de energias, forças e efeitos em benefício de “A” ou de “B”: Tem forças diferentes para você do que para mim; para o Sertão do que para o Sul; e isso repercute na existência de todo o povo, do povo sertanejo e do sulista. A pobreza do sertão é consequência de uma discriminação política regional.  
         No fundo da questão, a ideia de que a língua é estática, ou de que é somente SIGNO ou SISTEMA DE SIGNOS, das teorias linguísticas da tradição e do século XX, é uma MEIA VERDADE no plano das Especialidades Sígnicas extrapolada por uma lógica formal deturpada para os planos da suposta “Linguística Geral” e da noção de língua: Uma RETÓRICA MERONÍMICA (que toma «a parte» pelo «todo», reduz «o todo» a «uma parte» e denomina «o todo» com o nome «da parte»), um equívoco teórico, um engano no plano da ciência que se converteu em um SOFISMA ao longo de séculos, um falso princípio científico. Assim, a língua não é somente signo, pois é ao mesmo tempo SIGNO, AÇÃO E ENERGIA. Deste modo, o SIGNO é uma parte da língua, não a língua inteira: não é o conjunto integral dos sistemas constitutivos e operativos da mesma. 
           Neste mesmo sentido, Aristóteles e Humboldt definiram a língua como «ἐνέργεια», um termo grego que significa Atividade, Energia, Força, Vitalidade e Potência. Esta é uma visão dinâmica, nova e inovadora da língua e da linguagem, melhor e mais eficaz do que a velha visão reducionista.
    
         Conclusão: Sem dúvida, a língua em uso é SIGNO, pois expressa sentidos e significados, como ensinaram a gramática e a linguística no passado; mas, é também AÇÃO ou parte de uma ação, e um SISTEMA ENERGÉTICO, produtor de energias, forças, efeitos, eficácia, competência, vitalidade, competitividade, produtividade e poder, em todas as esferas da existência humana, da sociedade, da profissão, da empresa, da política, da economia, da cultura, da religião, das relações públicas, relações humanas e relações internacionais.  
         A obra publicada foi uma homenagem à colega e Profa. Abuêndia Padilha Peixoto Pinto. Recomendamos a sua leitura, pois tem artigos excelentes de grande interesse. Agradecemos e felicitamos as organizadoras da obra, e a Editora Universitária, que sempre apresenta novidades para o seu grande público. A Universidade Federal de Pernambuco é um palco de novos descobrimentos científicos sobre a língua pelas pesquisas dos seus profissionais.

Recife, 23 de junho de 2010.

Cordialmente,

Prof. Dr. Antonio Torre Medina
Coordenador do Fórum de Linguística Dinâmica.  
http://www.ufpe.br/linguisticadinamica/



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