segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Valor Científico da Gramática

A Gramática tem valor científico, sim !







Durante o século XX, o grupo de lingüística do Departamento de Letras da UFPE ensinou a todos, como se fosse uma verdade absoluta, que “A GRAMÁTICA NÃO TINHA NENHUMA OBJETIVIDADE E NENHUM CARÁTER CIENTÌFICO, que era uma subjetividade para impor aos falantes regras para o bem falar e escrever com correção”.
Porém, analisada a questão a partir do ponto de vista da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, das Regras do Discurso do Método de René Descartes e dos resultados da Lingüística Dinâmica e Integrativa, percebe-se que aquela opinião do Estruturalismo Formalista era uma inverdade científica, um sofisma insustentável, um abuso paradigmático.
O cientista precisa ter o mínimo de capacidade analítica, para saber distinguir, nas Especialidades, a dimensão tecnológica e a científica, que funcionam em conexão. Porém, acontece que o referido grupo de lingüística carece dessa capacidade para analisar as questões.
Assim, por exemplo, foi incapaz de analisar e perceber que uma parte da Gramática é realmente uma tecnologia para ensinar o uso correto e adequado da língua, na oralidade e na escritura; mas, a outra parte é o resultado de um verdadeiro trabalho de investigação científica sobre os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações.
Deste modo, não se nega que uma parte da Gramática é uma tecnologia de grande importância para a cultura e a civilização; e é preciso entender e destacar que a Gramática têm realmente um valor científico. Porém, as escolas lingüísticas do século XX, afetadas pela Cegueira Paradigmática, confundiram essas duas dimensões: Naquilo que se refere à Gramática, confundiram o plano da tecnologia e o da ciência; reduziram o plano da ciência ao da tecnologia, e assim negaram, de forma indevida, o valor científico da Gramática.
Seja pelas razões da religião reacionária do tempo das “Trevas”, ou pela política lingüística elitista, as escolas lingüísticas do século XX enganaram a cultura e a civilização durante décadas, impondo a todos um conjunto de sofismas como se fossem verdades absolutas e universais da ciência. Como, por exemplo, impuseram a falsa idéia de que “a língua é estática”, ou a meia verdade de que “a língua é um sistema de signos”.
Hoje se percebe que aquele jogo do Estruturalismo Formalista, disseminando a falsa idéia de que “a Gramática não tinha nenhum caráter científico” era apenas uma forma de marketing da escola, para desqualificar a escola concorrente e promover a própria imagem; ou uma espécie de “guerra fria” ou “guerra suja” dos setores mais radicais, que queriam de qualquer maneira tomar dos gramáticos com métodos golpistas os espaços acadêmicos.
Acontece que os lingüistas do século XX não resolveram os problemas fundamentais provenientes da tradição, pois continuaram ensinando a língua como se a mesma fosse estática, como se não tivesse nenhuma capacidade geradora de energias, forças, vitalidade e produtividade.

O grupo de lingüística do Departamento também disseminou durante o século XX a idéia de que “Ferdinand de Saussure foi o primeiro homem a alcançar o caráter científico na lingüística”; propalando a falsa idéia de que nenhum dos estudos sobre a língua da tradição tinha valor científico.
Porém, essa opinião não se verifica e não se sustenta: Não é ciência, e sim, uma forma de pseudociência, uma enganação com objetivos políticos, uma auto-exaltação ou marketing da escola, com a qual nem o próprio Ferdinand de Saussure em vida concordaria, por uma questão de honestidade científica.








A GRAMÁTICA tem objetividade e valor científico sim, um valor científico relativo aos paradigmas utilizados e aos campos da sua Especialidade; e proporcional ao nível do desenvolvimento da ciência na sua época, pelos seguintes fundamentos:

1º Porque a língua tem SISTEMAS ESTÁTICOS; razão pela qual, a lingüística precisa constituir e desenvolver ESPECIALDIADES ESTÁTICAS, como são, por exemplo, a Gramática e o Estruturalismo Formalista;

2º. Porem, é preciso superar a Cegueira Paradigmática que afetou os lingüistas do século XX, e perceber que os sistemas lingüísticos pesquisados pelos gramáticos não são os mesmos que aqueles que os estruturalistas pesquisaram; e sim, sistemas distintos.
De fato: Os gramáticos pesquisaram os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações a partir do ponto de vista do falante; enquanto que os estruturalistas pesquisaram os sistemas verbais e sígnicos estático das formas e das estruturas a partir do ponto de vista do ouvinte.

Os sistemas lingüísticos do ouvinte, investigados pelos estruturalistas, referem-se aos sistemas perceptivos e interpretativos do ouvido e da mente; enquanto que os sistemas lingüísticos do falante, pesquisados pelos gramáticos, dizem referencia basicamente aos sistemas articulatórios. Por tanto, são conjuntos de sistemas diferentes. Assim, a Gramática e a Teoria Estruturalista constituíram ESPECIALIDADES distintas, com fundamentos, paradigmas e procedimentos diferentes.

Aqui se encontra o equívoco teórico: Os estruturalistas enganaram-se quando acreditaram que tinham pesquisado com os seus procedimentos formalistas os mesmos sistemas dos gramáticos (inclusive, ufanavam-se orgulhosos dizendo “que agora eles faziam o trabalho com paradigmas e procedimentos científicos, que o trabalho dos gramáticos não tinha valor científico”).
Mas, estavam equivocados, pois os sistemas dos gramáticos eram sistemas lingüísticos distintos: Eram Especialidades diferentes, com paradigmas e procedimentos distintos. A Especialidade dos gramáticos utilizou o paradigma realista e empírico, enquanto que a Especialidade dos estruturalistas, utilizou o paradigma formalista e idealista.
Inclusive, disseminaram a falsa idéia de que pesquisavam o conjunto integral dos sistemas constitutivos e operativos da língua na sua suposta Lingüística Geral, o que é uma inverdade, pois somente pesquisavam um conjunto parcial dos sistemas da língua, o conjunto dos sistemas verbais e sígnicos estáticos das formas e das estruturas.
Deste modo, existe uma série de sofismas e equívocos na concepção lingüística dos setores dicotômicos do Estruturalismo Formalista, cujas teorias é preciso submeter à DÚVIDA CARTESIANA.

3º. Pela perspectiva da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, como em todas as especialidades e ciências, o valor científico da Gramática é um valor científico relativo ao paradigma utilizado e ao campo das suas Especialidades, e uma objetividade proporcional ao nível do desenvolvimento da ciência na sua época;

4º. Sem dúvida, como todas as especialidades científicas de uma determinada época, também a GRAMÁTICA tem limitações e lacunas em vários pontos do seu campo; por isso, precisa dar continuidade, no século XXI e séculos vindouros, ao seu trabalho de pesquisa sobre os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações, para aperfeiçoar suas análises e descrições.

Ante os equívocos do século XX, é preciso deixar claro de uma vez por todas que a língua não é um sistema só, e muito menos um sistema estático, como as escolas defenderam: e sim um SISTEMA DE SISTEMAS CONSTITUIDO PELA UNIÃO DE SISTEMAS ESTÁTICOS, MODELARES, DINÂMICOS, SÍGNICOS, PRAGMÁTICOS, ENERGÉTICOS, VERBAIS E NÃO VERBAIS, que funcionam juntos e integrados no ato de fala, na conversação, no discurso, no texto e na obra.

Levando em conta esse dado fundamental, a lingüística precisa constituir e desenvolver Especialidades Estáticas, Modelares, Dinâmicas, Sígnicas, Pragmáticas, Energéticas, Verbais e Não-verbais, conforme vamos explicar:

a) ESPECIALIDADES ESTÁTICAS, para a pesquisa e descrição dos sistemas estáticos, como a Gramática e o Estruturalismo Formalista;

b) ESPECIALIDADES MODELARES, para a pesquisa e descrição dos sistemas da variação no estilo e nas formas de construção do ato de fala, da conversação, do discurso, do texto e da obra, como por exemplo, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, a Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, a Semiótica e a Pragmática;

c) ESPECIALIDADES DINÂMICAS, para a pesquisa das funções dinâmicas, entre as quais, podemos distinguir as Especialidades Cinéticas, as Energéticas, as Gerativas, as Genéticas, as Neurológicas, as Psicológicas, as Sociológicas, etc.;

d) ESPECIALDIADES SÍGNICAS são as especialidades lingüísticas que pesquisam os signos, produtores de sentidos, significados e significações;

e) ESPECIALIDADES CINÉTICAS são aquelas que pesquisam e descrevem os sistemas da mobilidade dos elementos no interior do sistema e no uso. Assim, por exemplo, os fones, fonemas, morfemas, sílabas, palavras e sintagmas têm uma mobilidade potencialmente infinita na conversação, no discurso, no texto e na obra. Estas Especialidades foram desenvolvidas a partir de vários pontos de vista por várias escolas e correntes, como por exemplo, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, a Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, a Pragmática e a Semiótica. A análise dos dados mostra que as Especialidades Modelares e Cinéticas com freqüência desenvolveram-se juntas e integradas ao longo da história;

f) ESPECIALDIADES ENERGÉTICAS são as especialidades lingüísticas da pesquisa e descrição dos sistemas da língua produtores de energias, forças, efeitos, eficácia, competência, competitividade, produtividade e poder, nas esferas da sociedade, da cidadania, da profissão, da empresa, da política, da economia, da cultura e da religião;

g) ESPECIALIDADES VERBAIS são aquelas que investigam os sistemas verbais, como por exemplo, a Gramática e a Semântica;

h) ESPECIALDIADES NÃO-VERBAIS são aquelas que pesquisam os níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática. Um exemplo típico das Especialidades Não-verbais é a Semiótica, e uma parte da Pragmática;

i) Hoje é inegável a existência de sistemas gerativos, mentais, psíquicos, neurológicos e genéticos, que determinam o funcionamento da língua e da linguagem, apontados ou tratados por autores como Herder, Humboldt, Descartes e Chomsky;

j) Podemos falar também dos sistemas psicolingüísticos, de que trata a psicolingüística; e dos sistemas neurolingüísticos, o objeto da neurolingüística.

k) A lingüística do século XX foi unilateral e reducionista nestes campos tão importantes do fenômeno lingüístico.
A LINGÜÍSTICA DINÂMICA E INTEGRATIVA é uma LINGÜÍSTICA SETORIAL com um conjunto de ESPECIALIDADES ENERGÉTICAS, para a pesquisa sobre as energias e forças da língua.

Um problema que buscamos desvendar e resolver é que os setores da inércia do conservadorismo da lingüística do século XX, do Estruturalismo Formalista, da Pragmática Dicotômica e da Análise do Discurso, da Conversação e do Texto, tiveram posições dicotômicas radicais e uma arrogância abusiva, impondo à civilização um conjunto de sofismas como se fossem princípios absolutos e universais da ciência, disseminando a falsa idéia de que a Gramática, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, os estudos estilísticos e literários, todos os estudos da língua e da linguagem da tradição não tinham nenhuma objetividade, nenhum “caráter científico”; que Ferdinand de Saussure teria sido o primeiro homem da história a alcançar “objetividade” e “caráter científico” na ciência da língua ou lingüística.
O que queremos advertir e mostrar as provas aos estudantes e profissionais de Letras, bem como à Comunidade Científica e aos sistemas educativos, é que aquela opinião era UMA INVERDADE, UM SOFISMA, UMA FALÁCIA DESCRITIVA, um jogo de marketing duvidoso da Escola na sua “guerra fria” ou “guerra suja” contra as escolas fortes da tradição, para tomar o seu espaço político, institucional e acadêmico. Porém, essa posição não é o fruto da ciência, e sim um jogo de política de escola, ou da política lingüística elitista do Sistema.

Pelo contrário, os novos dados das pesquisas mostram evidências de que a Gramática, a Filologia, a Teoria e Crítica Literária, os estudos literários e estilísticos do Período Grego Clássico e da Tradição alcançaram realmente uma objetividade e valor científico relativo e proporcional aos campos das suas Especialidades, aos Paradigmas utilizados e ao nível de desenvolvimento da ciência em cada período histórico.

A Lingüística Dinâmica concentra a sua atenção na pesquisa e descrição dos sistemas energéticos da língua. Porém, ao assumir uma perspectiva multidisciplinar e integrativa, relaciona e integra as contribuições das distintas especialidades; pois os sistemas da Gramática funcionam normalmente juntos e integrados, com os sistemas do Estruturalismo, da Pragmática, da Semiótica e da Lingüística Dinâmica, no ato de fala, na conversação, no discurso, no texto e na obra. Todas são dimensões e sistemas lingüísticos que estão fortemente relacionados e implicados no funcionamento e no uso da língua.

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