terça-feira, 23 de junho de 2009

AS FORÇAS DA LÍNGUA NAS LETRAS DAS CANÇÕES JUNINAS

Corpus 1: Canção junina:
Olha pró Céu Meu Amor.
Autores: José Fernandes e Luis Gonzaga.

Olha pró céu meu amor.
Vê como ele está lindo.
Olha prá aquele balão multicor
como no céu vai sumindo.
Foi numa noite igual a esta
que tu me deste o teu coração.
O céu estava em festa
porque era noite de São João.
Havia balões no ar,
xote, baião no salão,
e no terreiro o teu olhar
que incendiou meu coração.

OBJETIVO: Observar como as palavras, frases e estrofes da canção, não somente expressam sentidos e significados, como toda a tradição ensinou, pois também geram energias e forças lingüísticas, que produzem energias e efeitos psíquicos, mentais, comportamentais e interativos.


ANÁLISES:
A canção inicia com o verso: [Olha pró céu meu amor]
Neste primeiro verso, os termos produzem, pelo modo imperativo, uma força meio exortativa, meio imperativa, convidando à amada a olhar para o céu. Uma mistura de exortação e mando, que influencia na mente e ação da amada.
O vocativo [meu amor] completa o primeiro verso, redobrando as energias psíquicas fortes, que movem a emoção da pessoa amada, e que revoam também no coração do amante.
As palavras do segundo verso, [Vê como ele está lindo], aumentam o impulso emotivo: Produzem energias visuais, mentais e ecológicas, que movimentam a emoção pela força do modo imperativo [vê], e pela força do agrado dos sentidos e sentimentos com a expressão [como ele está lindo] A beleza da noite de São João é mais um apelo para a produção de energias e emoções.
O verso [Olha prá aquele balão multicor] gera novas energias e emoções dos sentidos e da mente, pelo agrado do balão colorido.
A próxima estrofe continua [Olha como no céu vai sumindo], para logo evocar no verso seguinte a emoção maior: [Foi numa noite igual a esta que tu me deste o teu coração]. Numa noite bela de São João, a amada lhe deu o seu coração.
O verso seguinte: [O céu estava em festa]. Tudo era festa naquela noite de São João, aumentando a emoção. Tudo na letra da canção aumenta, passo a passo, a energia e a emoção da festa e do coração. A expressão [noite de São João] tem na cultura nordestina e nas canções de Luis Gonzaga um valor simbólico, que acrescenta uma capacidade geradora de energia maior.
Quando uma palavra, sintagma ou frase adquire valor simbólico na cultura, aumenta a sua capacidade produtora de energias e forças ante os interlocutores.
O novo verso produz nova energia, nova emoção: [Havia balões no ar, xote, baião no salão], terminando a letra com a explosão final: [E no terreiro, o teu olhar que incendiou meu coração].
Assim, uma palavra após outra, um verso depois de outro, tudo na letra da canção incrementa gradualmente a energia e a emoção, criando dois pontos álgidos: No meio da canção, quando ele diz que foi numa noite igual àquela que ela lhe deu o seu coração; e nos versos finais, quando ele confessa que o olhar da amada incendiou o seu coração.
Conjuntamente, pelas estruturas semânticas e pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, a letra da canção junina está impregnada de energia, emoção e paixão, geradas por todos os lados pelas palavras e frases: A cada instante uma nova emoção e sentimento do cantor e do ouvinte, que dança no salão arragado com a sua amada, emoção que também revoa no coração da amada.

CONCLUSÃO 1:
O ensino da língua, igualmente, da língua portuguesa e das línguas estrangeiras, deve ser realizado impregnado com a energia e a emoção positiva da cultura, como a suscitada pelas letras das canções, em São João, no carnaval, em qualquer festa.
É preciso dinamizar e potenciar o ensino da língua, porque é a força maior do brasileiro, o instrumento principal da cidadania e do êxito na produtividade profissional e empresarial.
CONCLUSÃO 2:
A língua gera energias lingüísticas e efeitos psíquicos, mentais, comportamentais e interativos, igualmente, pelas estruturas semânticas, como pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática.
CONCLUSÃO 3:
As escolas lingüísticas herdadas do século XX, que desconsideram ou negam radicalmente o fato de que a língua produz energias e forças, têm uma CEGUEIRA PARADIGMÁTICA (no sentido dos termos na visão científica de Thomas Kuhn), que não lhes deixa perceber a importância da aplicação do Paradigma Energético à pesquisa sobre os sistemas lingüísticos produtores de energias, forças e efeitos; cegueira que não lhes permite ver a existência de sistemas energéticos na língua: São cegos cientificamente falando e não têm consciência do fato.
O escritor, professor e jornalista Deonísio da Silva, – escritor de livros premiados, como o Prêmio Internacional Casa de las Américas em 1992, doutor em letras pela USP, e desde 2003, professor da Universidade Estácio de Sá, no Rio, autor de sete romances, dez livros de contos, quatro infanto-juvenis, disse dos intelectuais “cegos” que se acham donos da ciência: “Pior do que analfabeto humilde é o analfabeto arrogante. O primeiro tem cura. O segundo morre daquilo”. (Entrevista “O Jardineiro das Palavras”, na revista Língua Portuguesa (Editora Saraiva, ano III, nº 34, agosto de 2008, pp. 12-15).
Podemos completar a reflexão do Jardineiro das Palavras, explicando que, pior do que cego humilde pode ser o cego paradigmáticona lingüística herdada do século XX, que se acha “deus”, senhor e soberano absoluto de toda a ciência universal, mas sofre do mal da Cegueira Paradigmática (conforme os termos de Thomas Kuhn). Por isso, quer impedir com arrogância, por todos os meios ao seu alcance, com os seus pareceres faltos de imparcialidade e abuso paradigmático, o normal desenvolvimento das Especialidades Energéticas da lingüística. Que faça o trabalho da sua Especialidade, e não queira impedir o normal desenvolvimento da Lingüística Dinâmica e Integrativa, Especialidade lingüística que tem o mesmo direito à existência do que a sua pragmática ou estruturalista, porque a língua não tem somente sistemas estáticos, sígnicos e pragmáticos, pois tem também Sistemas Energéticos, produtores de energias, forças e efeitos.

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