quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A FORÇA DA LÍNGUA NA MENSAGEM DE MERCEDES SOUZA E BETHE CARVALHO


Prezado (a)  amigo (a),
Um grande abraço.

É a dinâmica da vida. De muitas maneiras, a língua é um sistema gerador de energias e forças que influenciam a pessoa que tem sensibilidade humana. Mas, parece que, em geral, a escola e a universidade prestam pouco atenção ao fato, e agem sem levar isso em consideração.

Quando a língua se junta com a música na canção, a energia se potência MUITO MAIS. A força de ambas juntas se aumenta: Perceba essa força na mensagem de Mercedes Souza e Bethe Carvalho. 

Mas, preste bem atenção. A força da língau também acontece na vida do profissional: A língua é um sistema gerador de forças produtivas nas atividades profissionais. 

Valorizar esta idéia na escola e na universidade é de grande importância para o desenvolvimento das habildiades e forças lingüísticas da cidadania e da produtividade profissional e empresarial dos estudantes, em breve, profissionais ou empresários nas comunidades de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil.
 
Muita força e sucesso na sua vida.
 
Cordialmente, 
Antonio Medina

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A ENERGIA LINGÜÍSTICA NO CARNAVAL:

Mensagem da Lingüística Dinâmica

no Sábado de Carnaval.





IDÉIA CENTRAL:

A língua é o maior instrumento de diversão e alegria.

Os lingüistas do século XX que não viram isso nas suas teorias são cegos: Têm uma cegueira Paradigmática.

Vamos analisar alguns exemplos de como a língua produz diversão e alegria nas letras das canções do carnaval, vários tipos de energias psíquicas, mentais, comportamentais esociais.



Saudações carnavalescas. Hoje, sábado de carnaval, participando do espetáculo vivo y apaixonante do Galo da Madrugada pelas ruas do Recife, observo e analiso o funcionamento da língua. Percebo ao vivo e a cores que as palavras e frases das letras das canções não somente expressam sentidos e significados que o povo entende, como também produzem energias e forças emotivas e sentimentais de alto grau de intensidade: Alegria e prazer; energias psíquicas, mentais, estéticas, lúdicas e eróticas com calor emocional altíssimo, entusiasmo imenso, grande paixão, amor ardente, afeto profundo e, às vezes, uma força afetiva e sensual tão intensa com paixão dominadora e cega, obsessão. É também entusiasmo vivo, atividade intensa e frenética, vários tipos de energias interativas, comportamentais e sociais.

Será que os defensores das teorias lingüísticas dicotômica, que postulam a obsoleta idéia de que “a língua é estática”, poderão provar algum dia que “isso não existe”? Porque perante tamanha retórica e falácia que inventaram, impedindo o normal desenvolvimento das Especialidades Energéticas da lingüística, eu respondo com uma expressão bem brasileiraEstão querendo tampar o sol com uma peneira (ideológica) para provar que o sol não existe.

Os dados observados e observáveis mostram que as energias lingüísticas funcionam junto com os sentidos e os significados no dinamismo lingüístico das mensagens carnavalescas do frevo e do maracatu, no evento do Galo da Madrugada, e durante todas as festividades do carnaval do Recife e Olinda.

O frevo ferve e o povo freva pelas ruas na folia carnavalesca, enquanto que a língua e a música das canções funcionam juntas, criando energias e forças carnavalescas que movimentam a multidão, que dança freneticamente pelas ruas enchendo a alma e o espírito de energia positiva, dinamizando a existência do povo e da nação. A energia lingüística na festa popular é uma forma de oxigenação / energização coletiva do povo na sua luta e esforço pela subsistência.

Deste modo, a língua, a música e o ritmo funcionam juntos e integrados nas canções do carnaval, produzindo energias e forças psíquicas e mentais positivas no ritmo frenético do frevo e do coração, que bate a galope com uma intensidade maior.

Vamos fazer um trabalho de pesquisa sobre as energias lingüística nas canções do carnaval pernambucano.


TEMA:

As Energias Lingüísticas no Hino do Galo da Madrugada (Corpus 1)

PROBLEMA:

O problema se levanta de várias formas:

a) Pela aplicação da DÚVIDA CARTESIANA sobre as concepções lingüísticas herdadas do século XX;

b) Pela confrontação das posições teóricas da lingüística herdada do século XX e os resultados das novas pesquisas da Lingüística Dinâmica e Integrativa, pela aplicação do PARADIGMA ENERGÉTICO e o desenvolvimento das ESPECIALIDADES ENERGÉTICAS da lingüística;

c) Porque se levanta a dúvida sistemática sobre se a Letra do Hino do Galo da Madrugada somente expressa sentidos, significados e significações (como defendeu a Gramática Tradicional e o Estruturalismo Formalista), ou se produz também, junto com os Sentidos/Significados/Significações, Energias e Forças;

d) Porque se levanta a dúvida cartesiana sobre se a Letra do Hino do Galo da Madrugada é um texto que está constituído somente por Signos ou Sistemas Sígnicos, ou se está constituído pela união integrada de Sistemas Sígnicos e Sistemas Energéticos.


ESTADO DA QUESTÃO:

Igualmente, a Gramática Tradicional e o Estruturalismo Formalista do século XX defenderam a idéia de que “a língua é Signo, ou Sistema de Signos, e somente Signo”. Porém, os dados das pesquisas da Lingüística Dinâmica e integrativa mostram indícios e evidências de que a língua, ao mesmo tempo, expressa Sentidos e produz Energias e Forças. Deste modo, a língua está constituída pela união integrada de Sistemas Sígnicos e Sistemas Energéticos. Portanto, é preciso, por um lado, levantar a DÚVIDA CARTESIANA sobre as teorias lingüísticas da tradição e do século XX, e verificar, reforçar ou confirmar a hipótese que vamos formular a continuação.


OBJETIVO:

Verificar a hipótese que formulamos a continuação.


HIPÓTESE:

Formulamos a seguinte hipótese para a sua verificação:

O Hino Galo da Madrugada (Corpus 1) não é somente um Signo, ou Sistema de Signos, pois é ao mesmo tempo UM SIGNO (que expressa sentidos/significados/significações), UMA AÇÃO (a ação pragmática da canção), e UM SISTEMA ENERGÉTICO, um sistema produz energias e forças lingüísticas, psíquicas, mentais, comportamentais e interativas.

Portanto, se postula a hipótese de que a letra da canção, um conjunto de versos, texto ou pedaço da língua portuguesa, está constituída pela união integrada de um conjunto de Sistemas Sígnicos, um conjunto de Sistemas Pragmáticos e um conjunto de Sistemas Energéticos. Possui lado a lado uma camada de Sistemas Sígnicos e uma camada de Sistemas Energéticos.


PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Vamos utilizar articulados e integrados dois tipos de procedimentos científicos para a verificação da hipótese:

a) PROCEDIMENTOS DE OBSERVAÇÃO EMPÍRICA;

b) PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS.

PROCEDIMENTOS DE OBSERVAÇÃO EMPÍRICA são os procedimentos científicos de observação dos efeitos e tipos de efeitos que os sistemas lingüísticos produzem.

Para perceber a Energia Lingüística que produz ou gera o texto do Corpus 1 na concentração do Galo da Madrugada, no carnaval pernambucano, é preciso analisar os elementos (as formas, estruturas, palavras, sintagmas e frases, e os efeitos que produzem) a partir de duas coordenadas:

a) A partir da coordenada das relações entre os sistemas verbais e os não-verbais;

b) A partir da coordenada das relações de causa e efeito.

Deste modo, é preciso perceber as relações de causa e efeito no fenômeno lingüístico.

PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS são os procedimentos científicos da identificação das causas que produzem os efeitos, pelas relações de causa e efeito, para dar ou atribuir um nome próprio aos distintos tipos de causas encontradas. Pois, conforme os princípios da ciência, não á efeito sem causa, e a cada efeito distinto, encontrado e confirmado, é preciso postular uma causa. As causas se conhecem e identificam pelos efeitos, e todos os efeitos, elementos e sistemas que se encontram e se identificam precisam receber a sua caracterização e o seu nome próprio, para não ferir as Regras do Discurso do Método de René Descartes.

Assim, por exemplo, os efeitos que consistem em expressar Sentidos, Significados e Significações, ou em descrever algum estado de coisas, são Efeitos Sígnicos, que se observam e nos fazem postular a existência de um conjunto de Sistemas Lingüísticos Sígnicos. Enquanto que os efeitos que consistem em gerar ou produzir Energias e Forças são Efeitos Energéticos, que se observam e nos fazem postular como causas um conjunto de Sistemas Lingüísticos Energéticos.

TERMINOLOGIA:

SISTEMAS SÍGNICOS são os sistemas lingüísticos que expressam ou produzem Sentidos, Significados e Significações, e descrevem algum estado de coisas.

SISTEMAS ENERGÉTICOS são os sistemas lingüísticos que geram ou produzem energias, forças e efeitos lingüísticos, psíquicos, mentais, comportamentais, interativos e sociais, ou com vários termos, os sistemas lingüísticos que produzem energias, forças, efeitos, eficácia, competência, competitividade, vitalidade, produtividade e poder, nas esferas da sociedade, da cidadania, da profissão, da empresa, da política, da economia, da cultura, da civilização, da religião, das relações sociais, relações humanas, relações públicas e relações internacionais.

Corpus 1: Hino do Galo da Madrugada

Cantor: Alceu Valença

Composição: José Mário Chaves

ESTRIBILHO

Ei pessoal, vem moçada
Carnaval começa 
no Galo da Madrugada (BIS)

1ª. A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios 
de cristal
E o Galo da Madrugada
Já está na rua, saudando o Carnaval
Ei pessoal...

2ª. As donzelas estão dormindo
As cores recebendo o orvalho matinal
E o Galo da Madrugada
Já está na rua, 
saudando o Carnaval
Ei pessoal...

3ª. O Galo também é de briga, as esporas afiadas
E a crista é coral
E o Galo da Madrugada, já está na rua
Saudando o Car
naval
Ei pessoal...

PROCEDIMENTOS:

Vamos analisar com procedimentos integrativos, ao mesmo tempo, léxicos, verbais, semânticos, semióticos, empíricos e analíticos, a letra do Hino do Galo da Madrugada, que como já tratado é um pedaço de língua, um conjunto de versos, um texto para todos os efeitos.

“O Galo da Madrugada” é um bloco carnavalesco que sai brincando o carnaval pelas ruas do Recife no Sábado de Zé Pereira.

O estribilho do Hino do Galo da Madrugada é uma convocação do povo do Recife e Pernambuco para participar do carnaval.

De fato, os termos da letra do estribilho, como “ei pessoal”, “vem moçada”, são uma convocação, uma chamada mobilizando toda a população. São termos que produzem uma força de chamada ou convocação de todo o povo. É uma expressão que se transforma em um refrão da cultura pernambucana, um bordão.

Refrão, pelo dicionário Aurélio, é uma fórmula vocal que se repete regularmente numa composição.

Bordão é uma palavra ou frase que se repete a cada passo.

O uso do vocativo, “ei pessoal”, é uma invocação chamando à coletividade; e o imperativo “vem moçada” é uma convocação para participar: “Carnaval começa no Galo da Madrugada”.

O estribilho é uma convocação e se repete quatro vezes, no início e depois de cada estrofe. Por ser uma convocação, a letra do estribilho está impregnada de energia lingüística, pela estrutura semântica, para convocar, persuadir e influenciar a população. A sua repetição é uma redobrada de energia lingüística, psíquica e mental, quatro vezes maior do que se o estribilho fosse cantado uma só vez. É Energia potenciada a mil.

A energia coletiva e individual vai se acumulando progressivamente, cuja força e intensidade se manifesta pela força como o povo dança o frevo do hino. Assim, o Hino do Galo da Madrugada é um símbolo de Pernambuco, um ato de energização coletiva do povo e uma convocação para a participação da festa, para entregar-se ao calor do frevo com todo o prazer da alma e da mente, como expressa o seguinte texto dirigido aos visitantes e turistas.:

A expressão “Carnaval começa no Galo da Madrugada” é uma exaltação do Bloco carnavalesco, colocando-o por cima de todos os demais blocos de Pernambuco. No plano subliminar da cultura, da antropologia e da história podemos observar que é uma exaltação do Recife, por cima de todos os demais municípios de Pernambuco; bem como a exaltação da contribuição lusitana na formação original de Pernambuco e do Brasil, por cima da contribuição espanhola, africana e ameríndia. O Galo é um símbolo forte de Portugal, que se colocou no Recife na cabeça de tudo, e o povo do Recife tem uma consciência implícita do fato, arrastando com o seu entusiasmo a todo o povo pernambucano, e a uma parte do povo brasileiro.

A letra do hino do Galo da Madrugada é um símbolo emblemático que revela no plano subliminar o alto grau da competitividade histórica dos recifenses ao longo de toda a sua história pela liderança de Pernambuco, especialmente, no período dos mascates, quando tomaram de Olinda a Capital de Pernambuco.

A primeira estrofe é a primeira composição da cena da natureza e da cidade, com os lindos versos de José Mário Chaves, cantados por um dos maiores fenômenos do carnaval pernambucano e brasileiro, Alceu Valença.

É uma descrição da passagem das horas entre a madrugada e o raiar do dia quando o Galo da Madrugada sai às ruas do Recife, bem como do movimento do bloco frevando e fazendo o carnaval. Assim, a partir deste ponto de vista, a primeira estrofe é um Signo, ou Sistema Sígnico que expressa sentidos e significados, e descreve um estado de coisas. Porém, tudo na primeira estrofe está impregnado de energia, e isso precisa ser explicado e justificado.

As expressões “A manhã já vem surgindo”. “O sol clareia a cidade com seus raios de cristal” retratam a cena da madrugada que se levanta e o raiar do dia, quando o sol clareia a cidade com seus raios de cristal. Na letra do Hino, todo o ambiente físico e urbano está impregnado com a energia do sol, incrementada com a energia do bloco nas ruas energizadas recebendo os foliões; e por cima de tudo acrescenta a energia vibrante do bloco frevando e brincando nas ruas.

É uma circularidade energética impressionante entre o plano verbal e o não-verbal (o plano cultural, antropológico, físico e sociológico). Pois, o Galo, superando a alta madrugada, já está na rua “saudando o carnaval”: É uma saudação impregnada da energia daquele que é comprovadamente o maior carnaval de rua do Brasil e do mundo.

“Saudar” significa “cumprimentar, cortejar”; “dirigir reciprocamente cumprimentos ou saudações”. (Dicionário Aurélio). Assim, a estrofe significa que o bloco já está nas ruas “saudando o carnaval”, saudando todo o povo, formado por foliões que chegam para brincar.

A segunda estrofe faz uma segunda composição da cena, a cena da população e do bloco se movimentando: “As donzelas estão dormindo”, o que significa que tudo começa na alta madrugada. “As cores das plantas e das flores recebendo o orvalho matinal”, e o Galo da Madrugada já está na rua saudando o Carnaval, ou seja, despertando as donzelas e chamando a todo o povo para frevar e brincar.

A terceira estrofe apresenta a figura emblemática do Galo da Madrugada.

“O Galo é também de briga, as esporas afiadas e a crista é coral”.

A estrofe é uma evocação do galo de briga, uma exaltação das qualidades dos melhores galos de briga aplicadas simbolicamente ao bloco carnavalesco. É o primeiro que sai na alta madrugada, antes do que qualquer outro bloco; pois os demais virão depois, depois do sol raiar: Afirma que O Galo abre o carnaval, e que os demais blocos vêm depois. É o bloco mais forte de todos, com as esporas afiadas, “de briga”, o mais poderoso. Nenhum vai ganhar do Galo; ele é o maior, o maioral, e altaneiro, pois “a crista é coral”.

Todos os termos da letra são altamente energéticos, como todo o funcionamento do carnaval e a história de Recife e Pernambuco, que têm que lutar bravamente contra o holandês e contra as adversidades da história, durante a colônia, contra as incompreensões da política durante o império, na formação da República e na sua evolução histórica.

Tudo na letra dessa canção, igualmente, no estribilho com nas estrofes, está impregnado de energias lingüísticas, que geram energias psíquicas, mentais, comportamentais, sociais, políticas e antropológicas gigantes, como gigante é o bloco, que congrega todo ano frevando e brincando mais de um milhão de pessoas, o maior bloco carnavalesco de rua do Brasil e do mundo.

Deste modo, o fato lingüístico da letra do Hino do Galo da Madrugada mostra que a estrutura semântica da língua portuguesa assume, em determinados usos e contextos, lado a lado, essas duas funções:

a) A função sígnica, expressando sentidos e significados, e descrevendo algum estado de coisas; e

b) A função energética, produzindo energias e forças lingüísticas que geram energias psíquicas, mentais, comportamentais e sociais.

O fato mostra que, nesta canção, a estrutura semântica da língua portuguesa não somente expressa sentidos e significados, pois também produz energias e forças de chamada e convocação da população, contradizendo as teorias semânticas tradicionais e estruturalistas, que reduzem a língua à estrutura semântica, e a estrutura semântica a um signo que expressa sentidos e significados.

EXPLICAÇÕES TEÓRICAS:

Para perceber a energia lingüística de um texto como o Hino do Galo da Madrugada é preciso analisar os elementos (as formas, estruturas, palavras, sintagmas e frases da letra, e os efeitos que produzem) a partir de duas coordenadas integradas:

a) A partir da coordenada das relações entre os sistemas verbais e os não verbais;

b) A partir da coordenada das relações de causa e efeito.

Isso significa, em primeiro lugar, que não devemos nos limitar à análise das estruturas verbais, pois é preciso observar as relações existentes entre as estruturas verbais e não-verbais; e as relações de causa e efeito das estruturas verbais e não-verbais do texto com as energias, forças e efeitos que produzem na coletividade.

Quando a canção é cantada no Sábado de Zé Pereira, no carnaval, todas as estruturas verbais e não verbais da letra do Hino, as estruturas semânticas e os níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, causam efeitos.

O primeiro passo é aplicar os PROCEDIMENTOS DE OBSERVAÇÃO EMPÍRICA para perceber os efeitos: Observar e designar os efeitos que as formas e as estruturas da letra da canção causam, e como funciona esse fenômeno.

Assim, por exemplo. Quando Alceu Valença canta o estribilho do Hino do Galo da Madrugada: Ei pessoal, vem moçada
Carnaval começa no Galo da Madrugada”
, as palavras mexem com a mente e a psique dos foliões convidando-os para frevar; e os foliões começam a frevar. Esse é um dado observado inúmeras vezes e observável. Não é em todo momento que causam esse efeito; noutros momentos, podem causar um sentimento de prazer lúdico, alegria e satisfação, sem levá-los a dançar; talvez a fazer outras brincadeiras com as pessoas em volta, ou brincadeiras com a imaginação e a fantasia.

São efeitos observados e observáveis, indícios de que tais formas e estruturas funcionam naqueles contextos como Sistemas Energéticos, sistemas geradores de energias forças e efeitos.

O segundo passo é aplicar PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS, para identificar os tipos de efeitos, e atribuir-lhes um nome, e dar um nome também aos sistemas lingüísticos que os produzem. Porque para cada elemento, sistema ou aspecto é preciso dar um nome específico; e pelos efeitos se conhecem as causas.

Deste modo, é preciso postular a existência de tantos sistemas lingüísticos energéticos quantos efeitos distintos as formas e as estruturas da letra produzem ou causam.

Assim, por exemplo, o sintagma“Ei pessoal”, produz o efeito do chamado vocativo, de “vocare”, um efeito de convocação ou chamada para... Não somente chama, no sentido pobre de nomeia (conforme o significado tradicional do termo), e sim um efeito de convocação forte, como chamar, convocar. Isso significa que esse sintagma é um sistema lingüístico energético vocativo, que produz forças de convocação e exerce as funções de chamada das pessoas a quem se dirige, os foliões pernambucanos, ou de forma mais genérica, o povo do Recife e Pernambuco, para participarem do bloco e do carnaval.

Por sua vez, o sintagma “vem moçada” produz efeitos imperativos ou exortativos.Pelo modo imperativo, exorta ou manda à moçada para vir à festa carnavalesca para frevar e brincar no Galo da Madrugada.

Assim, percebemos, em primeiro lugar, que o estribilho produz energias lingüísticas, psíquicas, mentais, comportamentais e sociais pelas estruturas verbais e semânticas. Por isso, é preciso analisar, em primeiro lugar, este tipo de sistemas lingüísticos. Porém, o estribilho produz também vários tipos de energias lingüísticas, psíquicas, mentais e comportamentais, altamente variáveis e dinâmicas, pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática.

A primeira estrofe é um Signo, ou Sistema de Signos, que expressa sentidos e descreve algum estado de coisas, na medida em que é uma descrição da passagem entre a madrugada e o dia que vem raiando quando o Galo da Madrugada sai às ruas do Recife. Porém, é preciso ver que não é somente um Signo, pois é também um Sistema Energético, não somente pelas estruturas semânticas como o estribilho, como também pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, nas relações entre as estruturas verbais e não-verbais, na relação entre as palavras e o contexto de situação, as circunstâncias, as intenções, o implícito da cena.

Na medida em que a segunda estrofe é uma descrição de como as donzelas estavam dormindo no momento em que o bloco sai às ruas na alta madrugada, quando o orvalho matinal cai sobre as cores das plantas e das flores, é um Signo ou Sistema Sígnico, que expressa sentidos e descreve algum estado de coisas. Porém, não é somente um Signo, pois é também um Sistema Energético, conjuntamente pelas estruturas semânticas e sintáticas, e pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, nas relações entre as estruturas verbais e as não-verbais com o contexto de situação, as circunstâncias, as intenções, o implícito da cena.

Na medida em que a terceira estrofe é uma descrição das qualidades do Galo, que é de briga, as esporas afiadas e a crista de coral, é um Signo ou Sistema Sígnico, que expressa sentidos e descreve algum estado de coisas. Porém, não é somente um Signo, pois é também um Sistema Energético, não somente pelas estruturas semânticas, como também pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, nas relações entre as estruturas verbais e as não-verbais com o contexto de situação, as circunstâncias e as intenções.

Deste modo, o estribilho é um Sistema Energético pelos procedimentos da estrutura semântica e pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, enquanto que as três estrofes são Signos ou Sistemas Sígnicos pelas estruturas semânticas, e Sistemas Energéticos pelos níveis de significação semiótica, lógica, simbólica e pragmática, como vários autores da Semiótica têm percebido na análise das obras literárias.

Assim, podemos concluir que se verifica pelos dados da pesquisa que as formas e estruturas do Corpus 1 que expressam sentidos e significados ou descrevem algum estado de coisas, são SISTEMAS SÍGNICOS, enquanto que as formas e estruturas que produzem energias e forças são SISTEMAS ENERGÉTICOS.

Podemos expressar esse mesmo princípio com outros termos: Os SISTEMAS SÍGNICOS e os SISTEMAS ENERGÉTICOS não estão separados por uma dicotomia absoluta, linear e radical no Corpus 1, pois funcionam juntos e integrados. As formas e as estruturas do enunciado do Corpus 1 são ao mesmo tempo SISTEMAS SÍGNICOS, na medida em que expressam Sentidos / Significados e descrevem algum estado de coisas, e SISTEMAS ENERGÉTICOS, na medida em que produzem Energias, Forças e Efeitos.

Deste modo, a letra do Hino do Galo da Madrugada é um texto que está constituído por duas camadas de sistemas lingüísticos:

a) Por uma camada de Sistemas Sígnicos;

b) Por uma camada de Sistemas Energéticos.

Deste modo, podemos começar a introduzir fórmulas na Lingüística Dinâmica e Integrativa:

O Corpus 1 está constituído pela fórmula:

HGM = SS + SE

Sendo que as letras tem os seguintes valores:

HGM representa o Hino do Galo da Madrugada (Corpus 1)

SS representa a camada dos Sistemas Sígnicos;

SE representa a camada dos Sistemas Energéticos.

A lingüística Dinâmica e Integrativa não nega, nem nunca negou, que a língua é Signo ou Sistema de Signos. O que contesta das teorias sígnicas da tradição e do século XX é a sua posição estreita, unilateral, unívoca e dicotômica, pela qual reduziram a língua ao Signo ou ao Sistema de Signos; pois percebe que a língua é também Energia, um Sistema Energético produtor de energias e forças.

Os lingüistas do século XX não perceberam a importância / necessidade de aplicar o Paradigma Energético ao campo lingüístico, e não viram os Sistemas Energéticos na língua e na linguagem,porque estavam afetados por uma CEGUEIRA E PARALISIA PARADIGMÁTICA, no sentido dos termos na concepção científica de Thomas Kuhn e Albert Einstein.

Isso significa que a lingüística herdada do século XX tem um problema paradigmático grave: Os lingüistas que defendem os paradigmas absoluto, linear, dicotômico e estático de Newton, Euclides, Zenão de Eléia, Parmênides e Saussure, como se fossem princípios absolutos e universais da ciência, desconsiderando as Regras do Discurso do Método de René Descartes, deixando de lado os princípios da Teoria da Relatividade, e negando o Paradigma Energético, sofrem o mal de uma CEGUEIRA OU PARALISIA PARADIGMÁTICA, que deixou a lingüística como uma ciência atrasada.

Conforme a concepção científica de Thomas Kuhn e Albert Einstein, CEGUEIRA PARADIGMÁTICA é a incapacidade dos lingüistas do século XX de perceberem a necessidade de aplicar o paradigma DINÂMICO, ENERGÉTICO, INTEGRATIVO E INTERDISCIPLINAR nos campos da Lingüística Geral e da noção de língua. Tais autores e escolas não aplicaram o PARADIGMA ENERGÉTICO nos campos das ESPECIALIDADES ENERGÉTICAS desta ciência. Cegueira Paradigmática é a incapacidade de verem a existência de sistemas energéticos na língua e na linguagem.

PARALISIA PARADIGMÁTICA é a incapacidade dos lingüistas do século XX de acompanharem o processo de desenvolvimento científico das ciências e especialidades avançadas, como a física atômica e nuclear, a química, a matemática, a biologia, a ecologia, a oceanografia, a astronomia, a sociologia, a psicologia. Estas ciências formularam o Paradigma Energético e desenvolveram as suas Especialidades Energéticas, enquanto que a lingüística sofreu uma paralisia paradigmática, que representa para a lingüística do século XX a perda da função desenvolvimentista do Paradigma Energético. Esta é a razão do atraso desta ciência, que precisamos superar.

A Lingüística Dinâmica e Integrativa propõe utilizar as letras das canções do frevo, do maracatu e do carnaval para dinamizar as aulas de português. Por meio das letras pode-se analisar e ensinar não só os sentidos, significados, formas, estruturas, sintagmas e elementos gramaticais, como também o funcionamento das energias lingüísticas que geram energias psíquicas e mentais, estimulando a criatividade psíquica dos alunos, e dinamizando a função da aprendizagem. Para isso é preciso preparar o professor ou professora com esse novo estilo e procedimentos da Lingüística Dinâmica e Integrativa. Os Cursos de Lingüística Dinâmica objetivam, entre outros, este objetivo.

Como seria rico e dinâmico para o estudante. Cada idade requereria um tipo de canções, adaptadas à sua psicologia. Encontraremos nelas a poesia, a arte, a gramática, a semântica, a semiótica e a pragmática.

O carnaval apresenta numerosas canções nas quais podemos analisar o fenômeno da Energia Lingüística.

AURORA
(Mário Lago-Roberto Roberti, 1940)

Se você fosse sincera
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era
Ô ô ô ô Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro e elevador
E ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Ô ô ô ô Aurora

A primeira estrofe da canção Aurora: “Se você fosse sincera, ô, ô, ô, ô, Aurora, Veja só que bom que era ô, ô, ô, ô Aurora”, está impregnada de energias lingüísticas, que, junto com o ritmo e a melodia, geram energias psíquicas e mentais em alta rotatividade carnavalesca.

O sonho do homem apaixonado que gostaria ter consigo a amada, Aurora, num lindo apartamento com todos os confortos, está claramente retratado, cheio de vitalidade. O sonho, qualquer que ele seja, está sempre impregnado de energias psíquicas e mentais.

Igual que o Hino do Galo da Madrugada, a letra da canção Aurora não só expressa sentidos e significados e descreve um estado de coisas, pois também produz, reproduz e faz reviver todo ano essa energia no carnaval. Energia lingüística é a energia gerada pela letra, que produz energias psíquicas e mentais.

As energias psíquicas podem ser o sentimento, a emoção, o carinho, a saudade e a paixão. As energias mentais são o raciocínio, o pensamento, o conhecimento, a experiência.


BALANCÊ 
(Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936)

Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê

Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê

Você foi minha cartilha
Você foi meu ABC
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê balancê

Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E
 o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê balancê

Belíssimo o romantismo da primeira estrofe: “Ô balancê, balancê, quero dançar com você. Entra na roda morena prá ver, ô balance, balancê”. A estrofe está toda ela impregnada de energia, emoção e sentimento.

A letra da canção “Balance”, com o ritmo da sua melodia e a repetição da palavra balance, balance, tem um português belíssimo cheio de arte, emoção, saudade e romantismo, digno de um bom estudo e aprendizado.

É um exemplo de bom português, a partir do qual pode se analisar na aula a estrutura semântica e a sintaxe, ao mesmo tempo em que a mente e a psique ficam imersas numa energia dinâmica positiva.

A segunda estrofe busca emular a primeira em emoção e admiração pela beleza da morena:“Quando por mim você passa fingindo que não me vê, meu coração quase se despedaça, no balance, balance”.

A importância da morena na vida do homem apaixonado, ou extasiado pela sua beleza, se reflete na terceira estrofe, também cheia de energia vital: “Você foi minha cartilha, Você foi meu ABC. E por isso eu sou a maior maravilha no balancê, balance”.

Toda a vitalidade do homem e da mulher concentra-se num pequeno pedaço da língua, em quatro pequenos versos octosílabos.

É toda a vida do autor e cantor que está implicada nesse balance, balance: “Eu levo a vida pensando, Pensando só em você, E o tempo passa e eu vou me acabando no balancê, balancê”.


BANDEIRA BRANCA
(Max Nunes-Laércio Alves, 1969)

Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz

Saudade mal de amor de amor
saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca eu peço paz

Pelo estilo da letra, do ritmo e pela imponência da melodia, a canção “Bandeira Branca” adquiriu em Pernambuco e no Brasil o sentido e valor de um hino de carnaval, um dos grandes hinos do carnaval pernambucano e brasileiro.

É um hino ao amor e uma invocação à amada, pois o cantante lhe diz: “não posso mais. Pela saudade que me invade eu peço paz”.

O amante, estraçalhado por dentro, pede bandeira branca, pede paz.

A letra é uma evocação à saudade e ao amor, que gera mil energias na psique e na mente do folião, no ritmo da música e da canção.


CABELEIRA DO ZEZÉ
(João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963)

Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é
Será que ele é

Será que ele é bossa nova
Será que ele é Maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!

A letra da canção “Cabeleira do Zezé” retrata, com graça, alegria e uma mal disfarçada ironia, a parte lúdica da vida, da brincadeira com as palavras que as relações humanas implicam em determinadas situações e circunstâncias: “Será que ele é, Será que ele é? Mas, o que ele é? Será bossa nova, Maomé, transviado? “Mas, isso eu não sei se ele é”.

E a conclusão final: “Corta o cabelo dele” “Corta o cabelo dele”.

É o jogo dos contrastes semânticos e irônicos entre as palavras, a forma da sua combinação, o que produz esse tipo de energia psíquica que suscita hilaridade e ironia, uma energia mental que trabalha pelos conceitos em contraste.

Assim, as letras das canções carnavalescas são exemplos que verificam a hipótese formulada de que a língua é um sistema dinâmico gerador de energias lingüísticas, psíquicas e mentais, que atuam no seio de um campo de forças maior no meio do carnaval.

CONCLUSÃO:

A lingüística herdada do século XX, que nega ou desconsidera as dimensões energéticas da linguagem, e defende a obsoleta idéia de que “a língua é estática”, como se fosse um princípio absoluto e universal da ciência, é uma ciência atrasada e uma visão pobre, unilateral e reducionista da linguagem, que prejudica o sistema educativo brasileiro.

Os lingüistas que persistem em manter nos inícios do século XXI os modelos do século XX, e tentam impedir o normal desenvolvimento das Especialidades Energéticas da lingüística, estão enganando a cultura e a civilização: Enganando aos estudantes e profissionais de letras, prejudicando a capacitação profissional e empresarial de todas as categorias, no ensino básico, médio e superior. Deste modo, prejudicam gravemente, como conseqüência, o sistema produtivo e econômico de Pernambuco, do Nordeste, do Brasil e do Terceiro Mundo.



Recife, fevereiro de 2009

Antonio Torre Medina

E-MAIL: a_torre_medina@yahoo.es