segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A NOÇÃO DE LÍNGUA



1.    Os dados da nova pesquisa, realizada conforme os princípios e paradigmas da Nova Filosofia da Ciência,[1] mostram que, por causa de uma lógica formal deturpada, todas as teorias gramaticais e linguísticas vigentes ao longo de séculos, que definiram a noção de Língua, cometeram o equívoco científico de uma retórica meronímica, tomando «uma parte» da Língua pela «Língua Inteira», reduzindo a «Língua» a «uma parte» da mesma, e denominando-a com o nome «da parte». Isso aconteceu, por exemplo, quando as teorias gramaticais e linguísticas que definiram a língua como «sistema estático», como «signo», ou como «sistema de signos», entendendo que a mesma era somente um conjunto de «signos».

2.        Como vamos mostrar pelas análises, esse equívoco científico foi cometido igualmente, com certas variáveis de estilo, paradigmas e procedimentos, pelas teorias da Gramática de inspiração Unívoca, pela obra póstuma saussuriana (1916), pelo Estruturalismo Formalista, pela pragmática Dicotômica e pela Análise do Discurso, da Conversação, do Texto e da Obra, de inspiração Dicotômica, Absoluta e Linear.

3.        Todas as noções de Língua formuladas conforme a lógica formal deturpada da retórica meronímica converteram-se em sofismas, falácias e falsos princípios científicos nos planos da suposta “Linguística Geral” e da noção de Língua, quando impostas a cultura e à civilização como se fossem princípios absolutos e universais da ciência. Isso significa que essas ideias são adequadas e úteis no plano parcial das Especialidades; porém, são equívocos científicos no plano da suposta “Linguística Geral”. É como se a fisiologia reduzisse os sistemas do organismo humano aos sistemas fisiológicos. A fisiologia estaria correta e adequada nos campos da sua Especialidade; mas, cairia numa falácia nos campos de uma suposta “biologia geral”, se defendesse a falsa ideia de que o organismo humano se reduz ao conjunto dos músculos, dos tendões e dos ossos.      
           O equívoco formal consiste na extrapolação indevida dos paradigmas e conclusões das Especialidades (que pesquisaram e descreveram «partes da Língua») para o plano da «noção de Língua» e da suposta «Linguística Geral».  

4.        Quanto à sua natureza, os dados da nova pesquisa [2] mostram que a Língua não é somente um Signo ou Sistema de Signos, como defendeu o Estruturalismo Formalista; pois, é um Sistema Complexo, multidimensional e multivariável, que é ao mesmo tempo SIGNO, AÇÃO E ENERGIA, pela sua própria natureza, como mostram os dados empíricos e analíticos do fenômeno Linguístico. Explicamos:
A)    Sem dúvida, A LÍNGUA É UM SISTEMA DE SIGNOS que expressam sentidos e significados e realizam a comunicação;
B)    É  um MODO DE AÇÃO PRAGMÁTICA, conforme constataram John Austin e a Pragmática;
C)   Porém, é também UM SISTEMA ENERGÉTICO, produtor de energias, forças, efeitos, eficácia, competência, vitalidade, competitividade, produtividade e poder, como já tinha observado desde o período grego clássico a Corrente da «Enérgeia», hipótese que se verifica nos inícios do século XXI pela aplicação dos paradigmas da Nova Filosofia da Ciência. Deste modo, não se podem negar os Sistemas Energéticos da Língua em função da defesa e descrição dos Sistemas Pragmáticos e dos Sistemas Estáticos. Seria o mesmo equívoco do que negar na biologia os sistemas neurológicos e linfáticos por defender e descrever os sistemas ósseos e musculares da fisiologia. São sistemas de natureza distinta, que requerem paradigmas e especialidades distintas.

5.        Quanto à sua composição, os dados mostram que a Língua não é um bloco monolítico constituído por um único tipo de matéria ou um único tipo de sistemas homogêneos (como representa o Gráfico 1), e muito menos um sistema estático, como postularam os gramáticos unívocos ao longo de tantos séculos, e os estruturalistas formalistas durante o século XX, e sim um Sistema de Sistemas supercomplexo, multidimensional e multivariável, como se representa no Gráfico 2.  
 
6.        Conforme os paradigmas da Nova Filosofia da Ciência, ao tratar da noção de Língua, a teoria deve entender, por princípio, a «Língua Inteira», o conjunto integral de todos os seus sistemas constitutivos e operativos, e não apenas «uma parte» da mesma, como entenderam a Gramática Unívoca, o Estruturalismo Formalista, a Pragmática Dicotômica e a Análise do Discurso, da Conversação e do Texto. Tomar «uma parte da Língua» pela «Língua Inteira» é uma retórica meronímica, um equívoco científico fundamental no plano da ciência.

7.        Assim, a noção de Língua deve pesquisar e descrever «a Língua Inteira», e não «uma parte da mesma». Pesquisar e descrever «uma parte da Língua» pela «Língua Inteira» é fazer uma retórica meronímicas: Tomar a parte pelo todo, reduzir o todo a uma parte e denominar o todo com o nome da parte. É um equívoco científico insustentável para todos os efeitos.

      A representação por meio de Gráficos Comparativos ajuda a entender melhor as implicações desse fato nas teorias gramaticais e linguísticas. Assim podemos entender:
a)   As omissões, esquecimentos e reducionismos da gramática, conforme o sentido dos termos em René Descartes, em relação à forma de composição real da Língua; A noção de “língua” da Gramática tradicional é uma ficção teórica atualmente insustentável;
b)   As omissões, esquecimentos e reducionismos da obra póstuma saussuriana (1916). A noção de “langue” da obra póstuma saussuriana (1916) é uma ficção teórica atualmente insustentável, em relação à forma de composição real da Língua;
c)   As omissões, esquecimentos e reducionismos da visão linguísticas do Estruturalismo Formalista, em relação à forma de composição real da Língua;   
d)   As omissões, esquecimentos e reducionismos da visão linguística da Pragmática Dicotômica, em relação ao fenômeno linguístico e ao princípio da Assimetria;
e)   As omissões, esquecimentos e reducionismos da visão linguística da Análise da Conversação e do Texto, em relação à forma de composição real do fenômeno linguístico e da língua.

Os dados da pesquisa mostram que as concepções linguísticas da Da Gramática tradicional, do Modernismo e Pós-modernismo Linguístico omitem, desconsideram ou negam o fato real, inegável, de que a Língua possui um número potencialmente infinito de
Sistemas Energéticos, produtores de energias, forças, efeitos, eficácia, competência, vitalidade, competitividade, produtividade e poder, funcionando juntos e integrados com os Sistemas Estáticos, os Modelares, os Pragmáticos e os Cinéticos, As referidas escolas poderiam ou deveriam ensinar os conhecimentos alcançados pelas suas Especialidades Estáticas, Modelares, Pragmáticas e Cinéticas, sem negarem a existência dos Sistemas Energéticos na Língua.            


Gráfico 1
O que não é a Língua?

  Os dados mostram evidências e provas de que a Língua não é um bloco monolítico constituído por um único tipo de material, ou um único tipo de sistemas homogêneos, e muito menos um sistema estático, como parece que entenderam os gramáticos unívocos, Ferdinand de Saussure e o Estruturalismo Formalista.

Essa visão da Língua é um reducionismo teórico que não se sustenta na atualidade.  


         A concepção da noção da Língua realizada pela teoria da Gramática Tradicional e do Estruturalismo Formalista comete o equívoco desvendado pelo Gráfico 1. É uma concepção equivocada que não se sustenta na atualidade pelos paradigmas da Nova Filosofia da Ciência.    

         Pelo contrário, os dados mostram que a Língua é um Sistema de Sistemas altamente complexo, multidimensional e multivariável, constituído pela união integrada de três conjuntos de sistemas de natureza distinta situados em planos diferentes, como se representa no Gráfico 2:
a)   O Conjunto dos Sistemas do Plano de Superfície do «Ergon»;
b)   O Conjunto dos Sistemas do Plano Profundo da «Enérgeia» e da Central Cérebro-Mente-Psique linguística;
c)   O Conjunto dos Sistemas do Plano Transverbal da Coletividade da Cultura, da Nação e da Civilização. Vamos ver o que isso significa.


Gráfico   2


         O que vamos mostrar ou provar é que a língua real é esta, complexa, multidimensional e multivariável e integral. Enquanto a outra, formulada conforme as teorias da gramática unívoca e da linguística dicotômica, é uma ficção teórica criada ou forjada por uma lógica formal deturpada.   
         Para mostrar o equívoco teórico da concepção de língua da Gramática Unívoca, podemos colocar lado a lado comparativamente esses gráficos anteriores, destacando e reforçando as diferenças entre as duas concepções. Depois faremos o estudo comparativo dos novos dados empíricos e analíticos com a concepção da noção de Língua de Ferdinand de Saussure, do Estruturalismo Formalista, da Pragmática Dicotômica e da Análise do Discurso, da Conversação e do Texto.
         Cabe destacar, preliminarmente, que não todos os setores das escolas da tradição e do século XX defenderam concepções unívocas e dicotômicas. Porém, foram as concepções que prevaleceram, impedindo por meio de abusos paradigmáticos o normal desenvolvimento das concepções relativistas e integrativas das Especialidades Energéticas.

         Para evitar um engano histórico frequentemente cometido pelas teorias linguísticas fortes do século XX, é preciso considerar e chamar a atenção para o fato de que existiram duas Correntes de Pensamento na Gramática ao longo dos séculos: a) A Corrente da Gramática Unívoca, aqueles setores que, por causa do falso princípio científico da Não Contradição, desenvolveram um pensamento unívoco na gramática: b) A Corrente da Gramática Eclética, que considerou a Gramática como uma Especialidade ou conjunto de Especialidades no meio de um conjunto maior, integrada ou relacionada com a Filologia, a Teoria e a Crítica Literária, a Estilística e a Retórica. Deste modo, a Corrente da Gramática Eclética entendeu que a Gramática não pesquisou e descreveu o conjunto integral de todos os sistemas constitutivos e operativos da Língua, e sim somente um conjunto parcial, o conjunto dos sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações a partir do ponto de vista do falante.    
         Por outro lado, os setores dicotômicos radicais do Estruturalismo Formalista ocultaram, omitiram e desconsideraram nas suas histórias e nas suas teorias este fato histórico e essa diferença, e trataram tudo de uma forma indiscriminada e equivocada ao criticarem radicalmente a Gramática da tradição.
         Pela análise dos dados, declaramos que a Corrente Eclética da Gramática estava fundamentalmente correta, porque assumiu posições relativistas, considerando a Gramática como uma Especialidade ou conjunto de Especialidades, que pesquisou e descreveu uma parte da Língua. Enquanto que a Corrente Unívoca da Gramática estava fundamentalmente equivocada, porque assumiu posições absolutas e dicotômicas radicais, como Ferdinand de Saussure e o Estruturalismo Formalista, considerando a Gramática como uma espécie de “Linguística Geral”, defendendo que tinham pesquisado e descrito o conjunto integral de todos os sistemas constitutivos e operativos da Língua, compreensão que foi um engano, um equívoco interpretativo.
         Assim, as críticas que aqui vamos formular referem-se à Corrente Unívoca da Gramática, que no fundo da questão considera que pesquisou e descreveu o conjunto integral de todos os sistemas constitutivos e operativos da Língua.
         O problema histórico é que essa corrente unívoca sustentada pelo absolutismo da religião e da política, que se arvorou como verdade absoluta e universal da ciência, e desprezou ou desqualificou a Corrente da Gramática Eclética, de tal maneira que os equívocos da Gramática Unívoca se impuseram no Ocidente como se fossem princípios absolutos e universais da ciência.          
         Deste modo, as críticas que aqui vamos formular são contra as teorias da Corrente Unívoca da Gramática, não contra as teorias da Corrente Eclética.
         A Corrente Eclética da Gramática não considerou que tenha pesquisado e descrito o conjunto integral de todos os sistemas constitutivos e operativos da Língua, e sim, uma parte da mesma, os sistemas verbais e sígnicos estáticos das palavras e das orações.           
         No Gráfico 3, destaca-se o equívoco cometido pela Corrente Unívoca da Gramática.





Gráfico 3
Estudo comparativo
A Língua não é um sistema monolítico

A Língua é um Sistema Complexo, multidimensional e multivariável.
A compreensão da Língua como sistema monolítico    e como sistema estático é um equívoco teórico, um sofisma.


                  Como é possível que durante tantos séculos, os gramáticos unívocos e os linguistas dicotômicos ensinaram e impuseram à cultura e à civilização a falsa ideia de que “a Língua é Estática” como se fosse um princípio absoluto e universal da ciência?    
              Os dados mostram que essa ideia não é propriamente o resultado de uma pesquisa científica fundamentada e consistente; não é o fruto dos argumentos lógicos da ciência, e sim, possivelmente, a consequência de uma Cegueira Paradigmática, conforme o sentido dos termos em Thomas Kuhn, ou de uma subserviência das escolas em relação à Política Linguística Elitista de Maquiavel imposta ao Ocidente por meios religiosos e políticos. Conforme o princípio maquiavélico: Todo o Poder Linguístico para o Príncipe e suas elites, nenhum poder linguístico para o povo, igualmente para os escravos e plebeus do passado, como também para os trabalhadores, classes médias e camadas de baixa renda na atualidade. Por isso, o objetivo das escolas unívocas e dicotômicas durante tantos séculos foi convencer à humanidade com sofismas da falsa ideia de que “A Língua é Estática”, para perpetuar a Política Linguística Elitista de Maquiavel. É uma opinião totalmente insustentável no século XXI pelos paradigmas da Nova Filosofia da Ciência.
              Ainda existem atualmente setores que defendem essa falsa ideia como se fosse um princípio absoluto e universal da ciência, enquanto que o sistema capitalista deixa milhões de brasileiros e bilhões de seres humanos do Planeta Terra, na miséria mais absurda, em uma situação geral de fome, pobreza e marginalização. Isso pode agradar aos políticos do Planalto; porém, prejudica a capacitação profissional e empresarial dos estudantes dos cursos de Administração, Economia e Contabilidade.     
              Por trás dos bonitos discursos do marketing da política linguística elitista de Maquiavel continua viva e palpitante a realidade cruel em que vivem milhões ou bilhões de homens, mulheres e crianças das comunidades de Pernambuco, do Nordeste, do Brasil e do Terceiro Mundo.
     Uma concepção dicotômica, insustentável, defende que não é lógico relacionar essas duas observações, as observações do campo Linguístico e as observações do campo da Administração. Porém. esses dos aspectos estão radicalmente separados na ficção das suas teorias dicotômicas. Porque na prática da existência humana estão fortemente relacionadas e implicadas. De tal maneira que a separação dicotômica radical desses dois conjuntos de elementos é política, não científica.     




[1] A Nova Filosofia da Ciência foi constituída pela Comunidade Cientifica a partir do ano de 1905, depois de que Albert Einstein publicou a Teoria da Relatividade, revolucionando a concepção newtoniana; e a sua culminação aconteceu em 1996, com a publicação da obra The Structure of Scientific Revolutions de Thomas Kuhn. Deste modo, a obra póstuma de Ferdinand de Saussure foi escrita conforme os paradigmas da Velha Filosofia da Ciência, e é neles que se fundamentam os equívocos científicos saussurianos e estruturalistas.
[2]  Realizada conforme os paradigmas da Nova Filosofia da Ciência.

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