1. Procedimentos
Para a verificação da(s) referida(s)
hipótese(s) e a crítica dos equívocos
teóricos das teóricas vigentes da tradição e do século XX, aplicamos os seguintes procedimentos metodológicos no contexto da Nova Filosofia
da Ciência, a partir do ponto de vista da Linguística Dinâmica
e Integrativa, que é um desdobramento das concepções linguísticas da Corrente
da «Enérgeia»:
a) Procedimentos Empíricos pela observação das relações de causa e
efeito entre a língua em uso y a relação social;
b) Procedimentos Analíticos, para a identificação dos efeitos e suas
causas, os sistemas linguísticos que produzem os referidos efeitos;
c) Procedimentos Epistemológicos associados à dúvida sistemática
cartesiana, para a análise das teorias em avaliação e julgamento;
2. Diretrizes
Metodológicas
Antes de iniciar a apresentação dos
resultados da pesquisa empírica dos dados do fenômeno linguístico e das
análises epistemológicas sobre as teorias da noção de Língua, é oportuno seguir
a orientação de Mikhail Bakhtin, que no início do Capítulo 4 da sua obra Marxismo e Filosofia da Linguagem (1992)
declarou: “No início do nosso itinerário,
convêm propor, ao invés de definições, diretrizes metodológicas” (p. 69).[1]
Assim, seguindo a proposta de
Bakhtin, no início do nosso itinerário, vamos explicitar as diretrizes
metodológicas do nosso trabalho de pesquisa.
Seguimos
as diretrizes metodológicas da obra Regras do Discurso do Método de René Descartes
[2] e
os princípios da Nova Filosofia da Ciência,[3]
conforme explicamos:
a) A
Primeira Regra do Discurso do Método consiste em não aceitar nunca como
absolutamente verdadeiro ou objetivo, aquilo que com toda evidência não se
reconhece como tal pelas novas pesquisas e observações. Por este princípio,
somente se aceita das teorias do passado aquilo que se apresenta ante o
pesquisador da atualidade de uma forma tão clara e distinta que não admita a
mais mínima duvida, embora tenha sido considerado pelas teorias herdadas do
passado como “uma verdade absoluta e universal” da ciência. Assim, por exemplo,
é preciso colocar em dúvida no plano da suposta “Linguística Geral”, a hipótese
saussuriana e estruturalista de que A LÍNGUA E ESTÁTICA, porque isso não se verifica
pelos novos dados observados e observáveis do fenômeno linguístico. Da mesma
forma, coloca-se em dúvida o princípio saussuriano pelo qual o estruturalismo defendeu
que O SIGNIFICANTE LINGUÍSTICO É UMA LINHA,[4]
pois não se verifica: Essa concepção é a mistura de uma meia verdade no campo
da Especialidade Linear e uma inverdade ou sofisma no plano da suposta
“Linguística Geral” e da noção de língua. Pois o que se observa é que «uma
parte» do significante é realmente uma linha, ou tem a disposição de uma linha:
a cadeia fonemática. Porém, não o significante inteiro, que é complexo,
multidimensional e multivariável. Deste modo, a teoria saussuriana do
significante está cometendo o equívoco de tomar o «qui» pelo «quo»: O equívoco
de tomar uma «parte do significante» pelo «significante inteiro».[5]
b)
A
Segunda Regra do Discurso do Método consiste em dividir cada uma das
dificuldades que se encontram em tantas partes quantas sejam possíveis, e
buscar a sua mais fácil solução. Naquilo que se refere aos tipos e conjuntos de
sistemas que compõem a língua, os dados da pesquisa realizada pelos paradigmas
e fundamentos da Nova Filosofia da Ciência e da Linguística Dinâmica e
Integrativa mostram a necessidade de considerar tantos conjuntos de sistemas
linguísticos quantos sejam precisos para distinguir todos os aspectos e
problemas encontrados. Assim, por exemplo, é preciso fazer uma primeira
distinção entre os SISTEMAS ESTÁTICOS, OS MODELARES E OS DINÂMICOS (Gráfico 1);
uma segunda distinção entre os SISTEMAS SÍGNICOS (sistemas que expressam
sentidos, significados e significações), os SISTEMAS PRAGMÁTICOS (sistemas responsáveis
pela ação pragmática) e os SISTEMAS ENERGÉTICOS (sistemas que geram e produzem
energias e forças de ação, reação e efeitos) (Gráfico 2). No conjunto dos
SISTEMAS SÍGNICOS, é preciso distinguir os signos semânticos, os semióticos, os
lógicos e os simbólicos; no conjunto dos SISTEMAS ENERGÉTICOS (produtores de
energias e forças de ação, reação e efeitos) é preciso distinguir, pelos tipos
de efeitos que produzem, os sistemas imperativos, os valorativos, os persuasivos,
os sedutores, os retóricos, os lúdicos, os jurídicos, os administrativos, os políticos,
os religiosos, os culturais, etc.
(Gráfico ). Deste modo,
Ferdinand de Saussure cometeu na sua obra póstuma (1916) várias omissões, esquecimentos
e reducionismos sobre a noção de Língua (ou Langue), conforme o sentido dos
termos nas Regras do Discurso do Método de René Descartes.
c)
A
Terceira Regra do Discurso do Método propõe ordenar os conhecimentos
alcançados, começando pelos mais simples e fáceis, para elevar-se pouco a pouco
e como por graus e níveis até os mais complexos, estabelecendo também certa
ordem naqueles elementos que pareça que não têm nenhuma ordem natural. Assim,
por exemplo, em primeiro lugar, num primeiro plano da complexidade linguística,
os dados mostram a necessidade de fazer a distinção entre os Sistemas
Estáticos, os Modelares e os Dinâmicos (Gráfico 1). Num segundo plano de
complexidade, os dados mostram a necessidade de fazer a distinção entre os
Sistemas Sígnicos, os Pragmáticos e os Energéticos (Gráfico 2). Num terceiro
plano de maior complexidade, no plano do conjunto dos sistemas do Plano de
Superfície do «Ergon», os dados mostram
a necessidade de distinguir o conjunto integrativo dos Sistemas Estáticos, os
Modelares, os Dinâmicos, os Sígnicos, os Pragmáticos, os Cinéticos, os
Energéticos, os Verbais e os Não-Verbais (Gráfico 3) (MEDINA & MEDINA, 2009: 68-87)[6] . Num quarto
plano de maior complexidade ainda, percebe-se a necessidade de distinguir e
relacionar os sistemas do Plano de Superfície do «Ergon» com os sistemas do
Plano Profundo da «Enérgeia» e da Central Cérebro-Mente-Psique linguística e
com os sistemas Transverbais do Plano Coletivo da Comunidade Linguística, da
Cultura, da Nação e da Civilização
(Gráficos ).
d)
A
Quarta Regra do Discurso do Método propõe fazer sempre enumerações tão
complexas e revisões tão gerais, que se alcance certeza ou segurança de não ter
omitido ou esquecido nada, de não ter cometido nenhum reducionismo teórico.[7]
Assim, por exemplo, a Linguística Dinâmica e Integrativa observa que as teorias
dos pragmáticos dicotômicos do século XX, ao pesquisarem e definirem o fenômeno
linguístico da ASSIMETRIA, omitiram um
dado relevante e fundamental: OMITIRAM E ESQUECERAM QUE A ASSIMETRIA É O EFEITO
OU RESULTADO DE UMA DIFERENCIAL DAS ENERGIAS E FORÇAS LINGUÍSTICAS ENTRE OS FALANTES
E INTERLOCUTORES, no ato de fala, na conversação, no discurso e nos TURNOS DA
INTERAÇÃO. Não há nenhum ato de fala na interação, não há nenhum discurso,
texto ou obra, que não gere de parte a parte um conjunto de energias e forças,
por pequeno que seja, entre o falante e o interlocutor, entre o autor e o
leitor. Assim, por exemplo, dois amantes que se falam na interação amorosa
geram de parte a parte uma energia ou força mental, psíquica, emotiva ou
sentimental. Negar isso é querer tampar o sol com uma peneira para provar que o
sol não existe.
e)
Seguimos também as diretrizes metodológicas e procedimentos de
Thomas Kuhn na questão paradigmática, [8] bem como
a perspectiva científica da Teoria da Relatividade de Albert Einstein;
f)
Por
isso, parece-lhe à Linguística Dinâmica e Integrativa, por exemplo, que a
descrição do fenômeno da ASSIMETRIA da Pragmática Dicotômica é parcial,
unilateral e reducionista; de tal maneira que não existiria nenhuma ASSIMETRIA
na interação entre os falantes e interlocutores, e sim uma SIMETRIA relativa entre
iguais ou semelhantes, se não existisse uma diferencial entre as energias e
forças linguísticas de ambos; como por exemplo, entre o presidente de uma nação
e os cidadãos normais e correntes, entre o dono e diretor de uma empresa e os
trabalhadores da mesma, entre o professor e os estudantes, entre o general e os
soldados, entre o pai e o filho, etc. Enquanto que as relações entre os amigos,
pares e iguais, são simétricas, que é a situação real e objetiva em que
fundamentaram as suas observações e análises linguísticas a Gramática
Tradicional e o Estruturalismo Formalista.[9] A
descrição da assimetria por parte da Pragmática Dicotômica é uma meia verdade,
que omite e oculta a outra meia verdade e se transforma em um sofisma, em uma
retórica meronímica no plano da suposta “Linguística Geral”, que toma «uma
parte do objeto» pelo «objeto inteiro», pelo «conjunto dos elementos que o
compõem», de tal maneira que a Pragmática Dicotômica reduz «o todo do objeto» a
«uma parte do mesmo», e denomina «o
todo» com o «nome da parte».
g)
Como
vamos perceber pelos dados, são inúmeras as omissões e esquecimentos que
cometeram as teorias linguísticas modernistas herdadas do século XX, como se
representa nos Gráficos 3.1; 3.2; 3.3; 3.4; 4.1; 4.2; 4.3; 4.4; 5.1; 5.2;
5.3.
[1] Bakhtin foi um dos autores que formulou
na sua obra Marxismo e Filosofia da
Linguagem (1992:69-89) críticas à concepção do positivismo linguístico do
século XX.
[2]
DÍAZ, Esther. “Los Discursos y los Métodos: Métodos de inovación y
métodos de validación”, em Revista “Pespectivas Metodológicas”, ano 2, nº
2, pp. 2-22. Publicación del Departamento de Humanidades y Artes de la
Universidad Nacional de Lanús; página Web, Site: http://www.estherdiaz.com.ar/textos/metodo.htm ; DESCARTES,
R. Discurso del Método. Trad. Argentina, Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1943; tradução portuguesa (1982) Discurso do Método, Lisboa, Sá
da Costa, pag. 28 ss.
[3] A Nova
Filosofia da Ciência foi constituída pela Comunidade Científica a partir de
1905, a partir das publicações de EINSTEIN (1905 e 1916), em conexão com as
Regras do Discurso do Método de DESCARTES (1982: pp. 28 ss), a visão do Novo
Espírito Científico de BACHELARD, G. (1934, 1996; 1978) e a visão paradigmática
de KUHN (1962, 1996). Gerou uma grande mudança nos paradigmas científicos. Apud YAMAZAKI, Sérgio Choiti e YAMAZAKI, Regiani Magalhães
de Oliveira (2009). “Gaston Bachelard e a Noção de Espírito
Científico”. EmRevista P@rtes
(São Paulo). Julho de 2009. ISSN
1678-8419, em
<http://www.partes.com.br/educacao/olharbachelardiano.asp>, e
apud: www.partes.com.br/educacao/bachelard.asp
[4]
Saussure define a “linearidade” do significante, na sua obra póstuma
(1916): Versão Túllio de Mauro: p. 103; versão brasileira: p 84, nos seguintes
termos: “O significante, sendo de
natureza auditiva, desenvolve-se no tempo, unicamente, e tem as características
que toma do tempo: a) representa uma extensão, e b) essa extensão é mensurável
numa só dimensão: é uma linha (grifos do autor)”.
[5] A
crítica da linearidade do significante da concepção saussuriana é realizada por
MEDINA (1998) Análise Crítica da Noção de
Língua em Ferdinand de Saussure, Letras Digitais, Teses e Dissertações
Linguística, PPGL UFPE: pp. 142-146.
[6] MEDINA,
A. T. & MEDINA G. R. (2009) Os Poderes da Língua no Âmbito Jurídico:
Princípios de Lingüística Jurídica. ISBN n° 978-85-60323-23-4, Recife:
Néctar: pág. 68-87.
[7]
DESCARTES, R. Discurso del Método. Buenos Aires: Espasa-Calpe,
1943; DÍAZ, Esther. “Los Discursos y los Métodos: Métodos de innovación y
métodos de validación”, em Revista “Pespectivas Metodológicas”, ano 2, nº
2, pp. 2-22. Publicación
del Departamento de Humanidades y Artes de la Universidad Nacional de Lanús. Site:
http://www.estherdiaz.com.ar/textos/metodo.htm
[8]
KUHN, Thomas (1962, 1966) The Structure of Scientific Revolutions, The
University of Chicago Press, Chicago: Kuhn 1996: p. 23-42; Kuhn
1970: p. 246. “La
teoría kuhniana del cambio científico ocupa un sitio estratégico en la
transformación que sufrió la filosofía de la ciencia a partir de los años
sesenta”.
[9]
DESCARTES, R. Discurso del Método. Buenos Aires: Espasa-Calpe,
1943; DÍAZ, Esther. “Los Discursos y los Métodos: Métodos de inovación y
métodos de validación”, em Revista “Pespectivas Metodológicas”, ano 2, nº
2, pp. 2-22. Publicación del Departamento de Humanidades y Artes de la
Universidad Nacional de Lanús; e na página Web, no Site:
http://www.estherdiaz.com.ar/textos/metodo.htm.
[1]
Os
Fundamentos e Procedimentos da Experimentação Linguística foram inicialmente
descritos e explicados no ensaio MEDINA, A.T. (2003) La «Enérgeia» humboldtiana en una perspectiva pragmática, Ensaio
pelo Doutorado em Linguística, Barcelona: Universidade de Barcelona, p. 2-138;
140-286 Nessa obra descrevem-se os procedimentos da Experimentação Linguística.
Também na obra MEDINA, A.T. & MEDINA, G.R.P.T.M. (2009) Os Poderes da Língua no âmbito Jurídico: Princípios
de Linguística Jurídica. ISBN n° 978-85-60323-23-4, Recife: Néctar,
p. 110; 114; 96-130. Esses fundamentos foram constituídos levando em conta a
concepção científica de DESCARTES, R. Discurso
del Método. Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1943; e de DÍAZ, Esther. “Los Discursos y los Métodos: Métodos de innovación
y métodos de validación”, em Revista
“Pespectivas Metodológicas”, ano 2, nº 2, pp. 2-22. Publicación del Departamento de Humanidades y Artes de la Universidad
Nacional de Lanús. Site:
http://www.estherdiaz.com.ar/textos/metodo.htm
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